No mesmo dia em que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) divulga que o desemprego atinge 14,3% no trimestre encerrado em outubro, deixando 14,1 milhões de brasileiros sem trabalho, chega ao fim o pagamento do auxílio emergencial.
A última parcela será paga pela Caixa Econômica Federal nesta terça-feira (29). Com o fim do benefício, 48 milhões de pessoas, sobretudo trabalhadores informais, ficarão sem ajuda financeira do governo federal a partir de janeiro.
O desemprego elevado somado a pandemia da Covid-19 e ao fim do auxílio emergencial, atinge diretamente a população negra. Dados do Instituto Locomotiva, contabilizados a pedido da Central Única das Favelas e divulgados em junho deste ano, revelam que 71% dos negros no país não tinham nenhuma reserva financeira no início da pandemia de coronavírus. Entre os 29% que tinham dinheiro guardado, 12% já tinha usado todo o recurso e 23% gastou a maior parte para se manter durante a crise que ainda não acabou.
Agora, Ministério da Cidadania se organiza para o retorno do Bolsa Família, programa que atende a 19,2 milhões de pessoas — que, em abril, migraram para o auxílio emergencial.
Este ano foi investido R$ 300 bilhões com o pagamento do auxílio a 67,9 milhões de brasileiros. Isso só foi possível graças ao decreto de situação de calamidade pública, que termina no próximo dia 31 e criou o chamado ‘Orçamento de guerra’ para despesas no enfrentamento da pandemia.
Foram propostas algumas possibilidades para se ter uma margem neste orçamento e, assim, garantir o pagamento do benefício aos mais vulneráveis. O presidente Jair Bolsonaro, entretanto, vetou todas as medidas propostas dizendo que não tiraria de pobres para dar a “paupérrimos”.