

Uma pesquisa, realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), mostrou que mais da metade da população brasileira está em situação de insegurança alimentar. De acordo com o levantamento, durante a pandemia, 19 milhões de brasileiros, 9% da população, não tiveram certeza se haveria comida em casa, teve que diminuir a qualidade e a quantidade do consumo de alimentos e, em alguns casos, passou fome. Em 2018, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), relatou um número quase metade dos registrados entre março de 2020 e janeiro de 2021, alcançando 10,3 milhões de brasileiros.
Francisco Menezes, analista de Políticas e Programas da ActionAind, em entrevista à Revista Exame, ressaltou que a pesquisa mostra um processo intenso de aceleração da fome, com um crescimento que passa a ser de 27,6% ao ano entre 2018 e 2020. “Entre 2013 e 2018, o aumento era de 8% ao ano. Chegamos ao final de 2020 com 19 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave, mas podemos supor que agora no primeiro trimestre deste ano a situação já piorou ainda mais”, afirma.
Menezes ressalta ainda a importância de conter esta escalada. “Não se pode naturalizar essa questão como uma fatalidade sobre a qual não se pode intervir”, relata.

Negros e mulheres a frente
A pesquisa mostrou ainda que o percentual de pessoas negras em situação de segurança alimentar caiu de 63,3% para 44,8% durante a pandemia. Segundo Rosana Salles, pesquisadora responsável pelo levantamento e professora de nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), houve uma “queda brusca na segurança alimentar” e o cenário é ainda pior do que era esperado. “O acesso insuficiente em quantidade e qualidade da alimentação para família cresceu muito, principalmente a insegurança leve (não há garantia de que a família será capaz de comprar comida). Esse é o primeiro prejuízo, que vem com a perda de emprego ou corte do salário. Mas não imaginávamos que menos da metade da população tivesse segurança alimentar no Brasil”, lamenta.
Rosana ressalta ainda os lares chefiados por mulheres e pessoas negras. “Existe fome em 11,1% dos domicílios chefiados por mulheres. Quando a pessoa de referência é um homem, a parcela dos que passam fome é de 7,7%. Pessoas pretas ou pardas enfrentam insegurança alimentar grave em 10,7% dos lares, contra 7,5% entre os brancos”, revela.

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