Suprema Corte dos Estados Unidos torna inconstitucional ações afirmativas de raça nas universidades

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A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu nesta quinta-feira (29) que as ações afirmativas de raça das universidades do país, são inconstitucionais. Essas ações são usadas para aumentar o número de alunos negros, hispânicos e outros grupos historicamente desfavorecidos e de baixa participação numérica entre estudantes e combater a discriminação.

Mas a resolução reverte a decisão de 1978. Há 45 anos, a Corte decidiu que as universidades não poderiam criar sistema de cotas, mas que poderiam usar raça como critério na seleções. De acordo com a Universidade de Harvard, cerca de 40% das instituições utilizam raça como um dos critérios para selecionar alunos.

John Roberts, que conduz a Suprema Corte americana, colocou que o benefício a um estudante que sofre discriminação racial deve estar relacionado “à coragem e à determinação deste estudante” durante a decisão. O tribunal possui maioria conservadora, sendo três juízes indicados pelo ex-presidente americano Donald Trump.

Suprema Corte dos Estados Unidos / Foto: Divulgação – Pixabay

Os membros da corte decidiram em favor do grupo “Students for Fair Admissions” (Estudantes para admissões justas), que entrou com um processo contra as universidades da Carolina do Norte e de Harvard que se pronunciou dizendo que irá cumprir a decisão. “Nas próximas semanas e meses, com base no talento e na experiência de nossa comunidade universitária, determinaremos como preservar, conforme o novo precedente da Corte, nossos valores essenciais”.

Enquanto a corte americana tomava essa decisão, grupos fizeram uma manifestação do lado de fora contra a inconstitucionalidade das ações afirmativas.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não concordou com a decisão da corte e falou sobre fazer um pronunciamento para todo o país que é “absolutamente contrário à decisão”. Já o ex-presidente Barack Obama, que foi o primeiro presidente negro dos EUA, problematizou dizendo que “apesar de não ser a resposta ideal”, ter raça como um dos critérios de análise, garantia que gerações de alunos sistematicamente excluídos tivessem oportunidade.

Manifestantes do lado de fora do prédio da Suprema Corte dos EUA. /Foto: Evelyn Hockstein – Reuters

Em contrapartida, o ex-presidente Donald Trump se manifestou dizendo que “é um grande dia para os EUA”.

Nas oito universidades da Ivy League, que são consideradas as melhores nos EUA, o número de alunos não brancos aumentou 55% de 2010 a 2021, de acordo com dados federais. Esse grupo, que inclui estudantes nativos americanos, asiáticos, negros, hispânicos, das ilhas do Pacífico e inter-raciais, representou cerca de 35% dos alunos nessas universidades em 2021, contra 27% em 2010.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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