As chuvas de quarta-feira (21), tiveram novamente efeito mais grave em regiões mais pobres do Rio de Janeiro. Foram registradas pelo menos 3 mortes, duas em Japeri, na Baixada Fluminense e uma em Barra do Piraí, no sul do Estado. Moradores da baixada registraram imagens de alagamentos com móveis perdidos e carros que foram deslocados com a força das águas.
Japeri, a cidade que tem 76,6% de população negra, segundo Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou duas mortes. Um bebê de dois anos, Calebe Jefferson Veloso Costa, faleceu no bairro Engenheiro Pedreira, e a jovem Ana Caroline Sodré, de 24 anos, no bairro da Chacrinha. No município, segundo um levantamento da Casa Fluminense, 9 em cada 10 moradores, vive com menos de um salário mínimo.
Segundo levantamento da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado do Rio de Janeiro, no dia 17 de janeiro desse ano, em decorrência das fortes chuvas do dia 13, cidades da Baixada, onde 70% da população se declara negra, como Belford Roxo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, registraram 331 desabrigados e mais de 12 mil desalojadas.
Em Japeri a criança foi soterrada num imóvel quando parte de um morro desabou. A parte mais baixa da rua alagou, e para sair da enchente, Cristiane, mãe de Calebe e o marido levaram os 5 filhos para a casa do cunhado, na parte mais alta. Quando o casal saiu da residência para socorrer a mãe de Cristiane, um deslizamento de terra atingiu a casa. Calebe e Jade, sua irmã gêmea, foram soterrados. Os vizinhos socorreram, mas o menino foi encontrado sem vida.
Segundo a prefeitura de Japeri, houve pelo menos 5 quedas de barreira, 4 deslizamentos e 7 desabamentos, com 40 pessoas desalojadas. No Sul Fluminense, na cidade de Barra do Piraí, houve a morte de uma mulher e outras três pessoas estão desaparecidas.
Em Nova Iguaçu, um dos municípios mais atingidos pelas chuvas desta quarta-feira (21), foram registrados 140mm de chuva, segundo a prefeitura da cidade. A quantidade registrada representa 116% da média histórica do mês de fevereiro, de 119,8 mm.
Na última crise de chuvas no estado em janeiro, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, questionou as administrações das cidades e falou sobre racismo ambiental, segundo ela, isso acontece porque uma parte da cidade e do estado não tem a mesma condição de moradia , de saneamento, de estrutura urbana, do que a outra:
“Quando a gente para pra pensar sobre isso, a gente sabe que não é coincidência, quando dizem que favelas e periferias são 15 vezes mais atingidas que outros bairros, não é natural que outros municípios ,bairros, periferias e favelas, sofram com consequências mais graves das chuvas do que outros”, afirmou.
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