O Instituto do Negro de Alagoas (INEG) lançou um chamado em suas plataformas para a construção de uma agenda antirracista nas escolas do Estado. O projeto ‘Quilombo Educar’ pretende se inserir no cotidiano destas instituições de ensino pensando em apresentar discussões e formas de combater o racismo estrutural.
Para o projeto ‘Quilombo Educar’ o processo educacional cumpre um papel fundamental na formação de agentes sociais e estabelece, mesmo que implicitamente, diversas regras de convívio e, muitas das vezes, reforça e produz o racismo. Por esse motivo, investir em processos de formação que pensem as estruturas racistas se coloca como uma tarefa necessária e cada vez mais urgente.
Nesse sentido, ele apresenta uma proposta de imersão no ambiente escolar a partir de uma abordagem multidisciplinar, agregando colaboradores das mais diversas áreas com o objetivo de estabelecer diálogos institucionais e tensionar as estruturas educacionais produtoras de racismo. Pedagogos, psicólogos, assistentes sociais, professores e demais ativistas negros se somam à proposta e já planejam coletivamente as melhores estratégias de imersão para discussão do racismo.
O projeto traz como objetivo principal a análise e contribuição na construção do projeto político pedagógico das escolas contempladas. Além deste, a proposta traz a preocupação em incidir positivamente na formação do corpo docente, técnico e discente das escolas, contribuindo com a aplicação da lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história e cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino, oferecendo cursos antirracistas, oficinas, palestras e estratégias possíveis de inserção da discussão étnico-racial não só nas disciplinas de humanas, mas também nas áreas das exatas e biológicas.
Apresentar o percurso das lutas do movimento negro pela conquista das políticas de cotas raciais é outro objetivo da imersão do Quilombo Educar nas escolas. É fundamental destacar para os estudantes negros e negras a importância dessa conquista para a garantia da entrada da população negra nos espaços de educação superior, além de despertar a necessidade da defesa contínua desta política pública e da formulação de outras que venham contribuir para a diminuição das desigualdades raciais.
Além de abordar as questões educacionais e de formação, o projeto traz a abordagem psicológica como essencial para a construção de um diagnóstico sobre os efeitos do racismo no ambiente escolar. Essa dimensão traz a possibilidade de discussão sobre a saúde mental da juventude negra, trazendo a atenção para os cuidados importantes no processo educacional desse público específico.
Por fim, o projeto Quilombo Educar parte de uma construção coletiva e do entendimento do papel do ambiente escolar na produção estrutural do racismo e do seu potencial na contribuição para o combate da desigualdade racial e para a formação de uma sociedade modificada.