“A reforma [tributária] não pode ser Robin Hood, tirar dos ricos para dar aos pobres”, afirma empresário Abílio Diniz

Sócio e conselheiro do grupo Carrefour, o empresário Abílio Diniz disse, em um evento realizado na última terça-feira (31), pelo banco de investimentos Credit Suisse, que tem receio da reforma tributária proposta pelo governo Lula. Ele acredita que a reforma seja no modelo “Robin Hood: que tira dos ricos para dar aos pobres”, como ele mesmo disse.

Um levantamento do FGV Social revela que 23 milhões de brasileiros sobrevivem com o equivalente a R$ 7 por dia ou menos de R$ 210 por mês. Porém, Diniz defende que “a tributação de dividendos dever ser feita acima da pessoa jurídica, para haver compensação. Não sobre a pessoa física. Tenho um pouco de receio de como vão fazer a reforma tributária”.

Diversos países tributam dividendos, mas o tema é mesmo complexo. Acadêmicos apontam que a ausência de impostos (para pessoas ricas) incentiva a distribuição, enquanto a tributação estimula investimentos.

No mesmo evento, Rubens Menin, fundador e presidente do conselho da construtora MRV, e do banco Inter disse que a carga tributária no Brasil “chegou no limite”. “Não tem mais espaço para subir. Chegou num ponto que começa a ter evasão. Precisa melhora a carga e a base de arrecadação”, disse Menin durante seu espaço de fala. Ele acredita que a reforma tributária não acontecerá de forma ampla, “mas dois passos é melhor do que nenhum”, reflete.

Segundo Diniz, a reforma é urgente para o país e a importância disso para a segurança política no ambiente de negócios. “Temos instituições fortes, muito fortes. Instabilidade política se esquece rapidamente, daqui para frente se precisa de algo tranquilo”, afirma.

Menin comenta que, dos países que compõem os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), o Brasil é o melhor ambiente para o investimento estrangeiro. “O mundo tem dinheiro e os investidores querem investir. É o trabalho deles”, disse Diniz. Ele também destaca que o presidente Lula é “uma pessoa pragmática”. “Mas não dá para pensar em crescimento só com o estatal. Tem que pensar no capital privado”, acrescenta.

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Os empresários também argumentam que o ambiente de negócios  brasileiro precisa se tornar mais atrativo e, para isso, eles defendem que as taxas de juros comecem a ceder.

“Sou 100% favorável a um Banco Central independente, mas temos juros altíssimos. Raramente tivemos juros real igual a 8%. Isso é muito. Sangra as famílias, as empresas. Juros altos são medicamento, mas não podem ser muito longos porque acabam matando o paciente”, conclui Menin.

Abílio Diniz é dono de uma fortuna avaliada em R$ 15 bilhões. Já Rubens Menin, tem um patrimônio estimado em mais de R$ 19 bilhões. Os dados foram publicados pela Revista Forbes, em novembro de 2022.