É como se, praticamente, toda a população do Estado de Minas Gerais vivesse com menos R$ 210,00 por mês
Um levantamento da FGV Social com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAd) Contínua, do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), revela que o Brasil atingiu um novo recorde de pessoas abaixo da linha da pobreza no final de 2021. Ao todo, são 23 milhões de pessoas que sobrevivem com o equivalente a R$ 7 por dia ou menos de R$ 210 por mês.
Desde o início da série histórica, em 2015, esse é o maior percentual da população nessa linha de pobreza, chegando a 10,8% dos brasileiros que vive com menos de R$ 7 por dia. Entre os anos de 2020 e 2021 foram mais de 7,2 milhões de “novos pobres”. Em termos de comparação, em 2019, período pré-pandemia, foram 3,6 milhões de pessoas que entraram neste patamar.
O economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, ressalta que a queda de rendimentos das camadas mais pobres foi o impulsionados dos números. “Além da elevada desigualdade social e do baixo crescimento econômico dos últimos anos, os mais pobres têm sofrido muito com a ‘montanha-russa’ no valor de seus rendimentos, o que é muito ruim para o planejamento e bem estar da população”, afirma em entrevista à Folha de São Paulo.
Neri lembra ainda que a renda média do brasileiro já estava em queda em 2019, com a pandemia, ela despencou e, algumas pessoas que tinham parentes e amigos como auxiliares, deixaram de ter, uma vez que a renda deles também caiu. “Como agora estão todos na mesma, essa rede de ajuda ficou muito limitada”, pontua. “A imprevisibilidade na renda só piora esse quadro. Agora mesmo há a tentativa de baixar os preços da gasolina, que devem voltar a subir em 2023”, completa.
Outro fator que influenciou a queda na renda do brasileiro é o fim do Bolsa Família e a indefinição até a criação Auxílio Brasil. “O que significa que milhões de brasileiros que teriam direito a entrar no programa seguem excluídos”, conclui.
Miséria e fome
No início deste mês, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) divulgou um levantamento em que revela números alarmantes em relação à fome no Brasil. Dos mais de 33 milhões de brasileiros que passam fome, 70% são negros. Além disso, o número de brasileiros em insegurança alimentar grave quase dobrou desde 2020, epicentro da pandemia da Covid-19.
“Mais uma vez o inquérito reforça essa desigualdade racial. Os números mostram que quando a pessoa de referência na casa é branca, a insegurança alimentar chega a ser 8 pontos percentuais mais baixos, quando comparado com uma pessoa negra é líder familiar, atingindo patamares expressivos”, analisa a pesquisadora da Rede Penssan e integrante do Grupo de Trabalho de monitoramento e relatoria da Rede Penssan, Rosane Salles-Costa.
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