Para as revistas de moda, a edição de setembro é a mais importante do ano por diversos fatores: ser lançada antes das mais importantes semanas de moda; no hemisfério norte, setembro marca o início de um novo ano escolar, o que faz com que muitas pessoas desejem um guarda-roupa novo; sem contar que para a moda as coleções de outono-inverno são mais importantes, conceituais, do que primavera-verão, e é nessa edição que as próximas tendências aparecerão. E é nesse contexto que as capas de Marie Claire e Vogue Hong Kong são celebradas.
A revista brasileira escolheu como garotas da capa as irmãs gêmeas Yacy Sá e Yara Sá, naturais do Maranhão, e que estão em alta no circuito fashion após completarem 30 anos. Desde que a notícia foi divulgada oficialmente, a escolha tem sido comemorada tanto pelas modelos como por vários profissionais da moda, assim como pelo público em geral.
“Começamos a perceber que a moda e a beleza estavam se diversificando e pensamos: ‘Será que agora vão aceitar a gente?’. Nos últimos dez anos, quando mais mulheres negras passaram a ser protagonistas nessa área, passamos a nos notar, nos achar bonitas e até usar nosso cabelo natural”, comenta Yara, formada em Ciências Contábeis pela UFMA, em entrevista para a Marie Claire.
Já Yacy, formada em Nutrição pela mesma universidade, lembra de uma passagem muito forte da vida da mãe e delas também:
“A gente estudou em escola e faculdade públicas, tivemos uma infância pobre. Tentávamos de todas as maneiras ajudar em casa, economizando, trabalhando desde cedo. Nossos avós maternos criaram os filhos numa situação de precariedade. Minha mãe conta que, às vezes, não tinham o que comer, só arroz com farinha. Mesmo assim, nosso avô trabalhava duro o ano inteiro para, no final, poder comprar sapatos para os filhos, ver ‘todos os pretos calçadinhos’, como ele dizia. Isso porque, na época da escravidão, o que diferenciava o negro livre do negro escravo era se ele tinha sapato ou não – e aquilo era muito forte para ele. Tanto que, na nossa infância, a gente viu mamãe comprar muitos sapatos, tínhamos vários. Ela se preocupava com isso e dizia: ‘As minhas pretinhas estão calçadas, não são pretas descalças’”, conta Yacy.
Enquanto isso, a Vogue Hong Kong traz Rihanna na capa da sua edição mais importante. O que torna a ocasião importante é o fato de as mulheres nos países orientais almejarem uma pele branca, sem manchas. Tanto que a indústria da beleza da região é conhecida pelas rotinas elaboradas de cuidados, produtos de “skin care” de alta tecnologia e por ser muito difícil encontrar bases para peles morenas e escuras.
Nas fotos, é possível ver a escolha por uma maquiagem leve, com acabamento bem natural, o que ressaltou a beleza da cantora barbadiana.
Consagração de melhores naturalmente talentosas e o lindas!