Trump propõe restringir voos do Brasil devido a ‘grande surto’ de coronavírus

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Os Estados Unidos são o epicentro do novo coronavírus, o país mais afetado até então com mais de um milhão de infectados pela doença e mais de 57,2 mil mortos. No Brasil, mesmo com números subnotificados, foram registrados até o momento 68.188 casos e mais de 4.600 mortes pelo covid-19. Mesmo com o número de mortos em nosso país não representando nem 10% das vítimas fatais nos Estados unidos, o presidente americao, Donald Trump disse nesta terça-feira (28) que o Brasil enfrenta um “grande surto” de coronavírus e sugeriu a proibição de voos de países latino-americanos para o EUA.

As declarações de Trump foram dadas durante um encontro com o governador da Flórida, Ron DeSantis, na Casa Branca, que disse estar preocupado com o avanço no vírus no Brasil e em outros países da região, todos com grandes conexões com Miami e outras cidades do Estado.

DeSantis sugeriu que as companhias aéreas testem os passageiros antes de eles embarcarem em seus países de origem. Trump interrompeu a fala do governador e perguntou: “Você gostaria que nós cortassemos o Brasil?”. “Não necessariamente”, respondeu DeSantis, sugerindo a adoção da tecnologia para monitorar os passageiros.

O presidente norte-americano insiste na pergunta e pede que DeSantis avise ao governo federal caso os voos vindos da América do Sul se tornem um problema para a Flórida. “Se eles estiverem trazendo [o vírus] para os Estados Unidos, com certeza”, disse o governador.

Maioria dos infectados é negra – Nos Estados Unidos e no Brasil

Nos Estados Unidos, assim como no Brasil,  as taxas de contaminações e morte pela Covid-19 são maiores na população negra, segundo levantamento do jornal americano The New York Times, realizado com base em dados divulgados pelos estados. No Brasil, pretos e pardos chegam a 1 em cada 3 entre os mortos por Covid-19 (32,8%), segundo dados do MInustério da Saúde divulgados no dia 10 de março.

Tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos estes casos podem ter relação com a desigualdade social e as doenças associadas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) são negros, e estes também são maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e doenças renais crônicas no país – todos considerados agravantes para o desenvolvimento de quadros mais gravosos da Covid-19.

Nos Estados Unidos, no estado de Illinois, 43% das pessoas que morreram pela doença e 28% dos que testaram positivos eram afro-americanas, um grupo que compõe apenas 15% da população estadual. No Michigan, um terço dos pacientes é negro e 40% das mortes são dessa população, que representa 15% dos habitantes  do estado. Em Lousiana, onde os afro-descendentes também representam um terço da população, 70% dos mortos pela Covid-19 eram afro-americanos.

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