Trabalhadores negros são maioria na informalidade, mostra levantamento

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Levantamento do IBGE também constatou que desemprego foi maior entre população negros do que entre brancos
Os trabalhadores por aplicativos aumentaram cerca de 158% durante a pandemia – Foto: Roberto Parizotti

A Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que, no Brasil, 47,4% dos trabalhadores negros trabalham na informalidade. O estudo também aponta que, entre os brasileiros ocupados, ou seja, entre os que exercem força de trabalho, a presença dos pretos ou pardos é maior em atividades com rendimentos inferiores à média dos subgrupos de atividades econômicas, como serviços domésticos e agropecuária.

O trabalhador informal é aquele que exerce função e não possui registro na Carteira de Trabalho e nos órgãos responsáveis. Segundo a advogada Luana Coutinho, esses trabalhadores ficam desamparados e não têm direitos trabalhistas garantidos. “Sem registro na Carteira de Trabalho e órgãos responsáveis, eles ficam desamparados, principalmente pela Previdência Social. O trabalhador formal, consegue garantir benefícios trabalhistas e previdenciários e tem garantias que o informal não possui”, explica. 

Atualmente, o IBGE estima que 34 milhões de brasileiros estão na informalidade, o que representa quase 40% dos trabalhadores ocupados. Durante a pandemia da Covid-19, a Análise Econômica Consultoria estima que houve aumento de 158% na taxa de trabalhadores por aplicativo no primeiro semestre de 2020, por exemplo.

Há pouco mais de um ano, quando as autoridades médicas passaram a recomendar  o isolamento social, o home office virou rotina dos brasileiros. Como consequência da pandemia, o desemprego também cresceu e muitos brasileiros buscaram outras formas de manter a renda.

“Os diversos fechamentos de negócios locais têm gerado milhões de desempregados que estão buscando meios informais de renda. A onda de trabalhadores informais está aumentando, como resultado de problemas sociais amplamente evidenciados com a pandemia. É uma forma de trabalho que tende a se manter em crescimento nos próximos anos”, afirma a advogada.

Desemprego é maior entre trabalhadores negros

O ano de 2020 terminou com quase 14 milhões de desempregados, o equivalente a uma taxa de 13,9%, segundo o IBGE. No ano anterior, o instituto já apontava uma desigualdade estrutural no mercado de trabalho. “Os setores mais prejudicados com o desemprego são os que a população negra é predominante. São funções exercidas por salários mais baixos, trabalhos mais pesados e exaustivos, como trabalhos domésticos, comerciais, de construção civil e ambulantes formalizados”, analisa a advogada.

O levantamento do IBGE mostra que a taxa de desemprego da população negra foi de quase 14%, cerca de 4% maior do que a da população branca. O estudo ainda indica que a diferença se mantém mesmo quando o espectro do ensino superior é analisado. A população branca alcança uma taxa de cerca de 5% enquanto pretos e pardos com ensino superior completo atingem uma taxa de quase 8%.

“É mais uma guerra social vivida pelo povo preto no Brasil. É um preconceito, que não oportuniza desde a educação básica até a entrada no mercado de trabalho, mesmo com um diploma de curso superior”, conclui.

Leia também: Desemprego deve aumentar em 2021, aponta pesquisa

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