O cineasta americano Spike Lee, presidente do júri da 74ª edição do Festival de Cannes, disse nesta terça-feira (6) que Jair Bolsonaro, Vladimir Putin e Donald Trump “não têm moral ou escrúpulos” e que “temos que levantar a voz contra gângsteres como esses”.
“O mundo está sendo governado por gângsteres. O Agente Laranja [em referência a Donald Trump], o cara do Brasil [em referência a Bolsonaro] e Putin [presidente russo]. São gângsteres e vão fazer o que quiserem. Não têm moral ou escrúpulos, esse é o mundo em que vivemos, e precisamos levantar a voz contra gângsteres como esses”, disse Spike Lee.
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Spike Lee é o primeiro negro a presidir o corpo de jurados de Cannes. Em 2018, ele foi premiado com o Grande Prêmio do júri, com o filme ‘Infiltrado na Klan’, mas o cineasta ainda hoje é lembrado por ter seu filme ‘Faça a Coisa Certa’, esnobado por Wim Wenders- diretor de ‘Asas do Desejo’-, em 1989, durante o festival. Segundo o júri da edição de 1989 do Festival, Lee estava incitando um revanchismo de negros para com os brancos.
“Você espera que 30 malditos anos depois a população negra não seja mais caçada como animais”
“Muita gente disse que o filme daria início a uma série de motins raciais pelos EUA”, disse Lee, em referência ao conteúdo de seu longa, sobre uma rebelião em um bairro negro em Nova York. “Escrevi o filme em 1988. Mas aí você vê o irmão Eric Garner e o rei George Floyd mortos [ambos homens negros assassinados por policiais brancos, em 2014 e 2020], lembro do Radio Raheem [personagem de ‘Faça a Coisa Certa’, também assassinado]. Você espera que 30 malditos anos depois a população negra não seja mais caçada como animais. Portanto, estou feliz por estar aqui”, disse ele.
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