Vereadores da chamada bancada negra, que tomaram posse no primeiro dia do ano na Câmara de Porto Alegre (RS), protestaram contra o hino do Rio Grande do Sul por considera-lo racista.
Os parlamentares, Karen Santos (PSOL), Bruna Rodrigues (PCdoB), Daiana Santos (PCdoB), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSOL), se recusaram a cantar o hino que diz: “Mas não basta pra ser livre / Ser forte, aguerrido e bravo / Povo que não tem virtude / Acaba por ser escravo”.
A letra foi composta durante a Guerra dos Farrapos (1835-1845), em 1838, que tinha caráter separatista, pelo tenente-coronel do exército farroupilha. A dita ‘abolição da escravatura’ só aconteceu meio século mais tarde, em 1888. O hino foi escrito de um dia pro outro quando a cidade de Rio Pardo (RS) foi tomada por revolucionários contrários às regras do Império.
Em 1966, a letra sofreu ajustes e foi oficializada pela lei 5.214/1966 como hino. Na ocasião, o então deputado Getúlio Marcantonio pediu a exclusão da segunda estrofe, que dizia: “Entre nós reviva Atenas / Para assombro dos tiranos / Sejamos gregos na Glória / E, na virtude, romanos”.
Na última sexta-feira (01), durante a cerimônia de posse, os parlamentares da bancada negra permaneceram sentados durante a execução do hino. A vereadora Comandante Nádia (DEM), criticou os colegas durante a cerimônia e disse que “o avanço de uma nação passa também pelo respeito aos símbolos”.
Em resposta, o vereador Matheus Gomes entrou com uma questão de ordem e justificou o protesto de seus colegas de partido. “Como bancada negra pela primeira vez na história da Câmara de Vereadores, talvez a maioria dos que já exerceram outros mandatos não estejam acostumados com a nossa presença. Não temos obrigação nenhuma de estar cantando o verso que diz que o nosso povo não tem virtude, por isso foi escravizado”, afirmou o parlamentar.