O jogador brasileiro Malcom Filipe Silva de Oliveira, mais conhecido apenas como Malcon, sofreu um caso de racismo em sua estreia pelo Zenit de São Petersburgo, na Rússia, no último sábado (3). O atacante que acabou de ser contratado pelo clube foi recebido com vaias e uma faixa que dizia: “Obrigado aos diretores por respeitarem nossas tradições”, uma ironia com relação aos dirigentes do clube. Poderia ser apenas uma contratação que a torcida não gostou se recentemente um grupo de torcedores do Zenit não tivessem publicado uma carta aberta contra atletas negros e gays para manter as “tradições do clube”.
“Não somos racistas, mas para nós a ausência de futebolistas negros no plantel do Zenit é uma importante tradição que reforça a identidade do clube. Somos a equipe mais ao norte das grandes cidades europeias e nunca tivemos vínculos com a África, a América Latina, Austrália ou Oceania. Não temos nada contra habitantes destes continentes, mas queremos que joguem no Zenit atletas afinados com a mentalidade e o espírito da equipe”, diz a carta aberta de parte dos torcedores.
Diante da polêmica noticiada na imprensa russa e repercussão no mundo todo o Zenit emitiu nesta segunda-feira (5) um comunicado oficial no qual se defende das alegações de que a mesma seria de índole racista. Em uma longa nota, o time de São Petersburgo lembra que durante a sua história teve vários jogadores negros e que o conteúdo da tarja foi mal interpretado pela imprensa em geral.
“O Zenit Football Club sabe que uma faixa foi revelada por um pequeno número de pessoas e que o significado desta declaração foi deturpado. E com base nessas deturpações, conclusões incorretas foram tiradas que não têm base na realidade. O Zenit tem uma longa tradição de convidar os melhores jogadores de todo o mundo para o clube, independentemente do seu passado, etnia ou nacionalidade.
Há muito que o clube apoia e instiga iniciativas anti-racistas, inclusivas e de igualdade e continuará a fazê-lo agora e no futuro. Ao mesmo tempo, gostaríamos de expressar nosso profundo pesar de que os
meios de comunicação no exterior e outros, incluindo clubes de futebol, tenham denunciado incorretamente o assunto, e esperamos que o avanço dessas organizações possa verificar completamente os fatos antes de fazer quaisquer declarações depreciativas ou acusações. O Zenit Football Club terá o prazer de convidar aqueles que comentarem a situação para assistirem a uma das nossas partidas em casa e experimentarem a hospitalidade que tão famosamente demonstramos durante a Copa do Mundo de 2018 e em outras competições e eventos internacionais.”, justificou o clube na nota.
O jogador ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, porém em entrevista para o ESPN.com.br a mãe do atleta, Flávia de Oliveira, 41, afirmou que o filho está muito feliz e não percebeu qualquer ato racista contra ele. “Quando li a notícia, até liguei para perguntar para ele se era verdade”, contou. “Ele na hora me respondeu: verdade, o quê? Ele não viu nada e terminou o jogo muito feliz”, completou Flávia. “Malcom está muito feliz pela maneira como foi tratado pela direção do Zenit, em especial pelo presidente (Alexander Medvedev). Ele já até conversou no clube de que gostaria de ter um professor para aprender russo”, afirmou a mãe do atleta ao portal de notícias esportivas.
O ex-corintiano, Malcom, que só entrou em campo aos 27 do segundo tempo, no empate em 1 a 1 do Zenit contra o Krasnodar, pela 4ª rodada do Campeonato Russo, pode ser vendido em janeiro, segundo especuladores da imprensa internacional. O atleta foi contratado pelo clube russo junto ao Barcelona por 40 milhões de euros, na última semana.