“A liberdade de imprensa é importante para a manutenção da democracia”, diz a jornalista Marcelle Chagas

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No início do ano foi divulgado o Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2022, com dados reunidos pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que mostrou o quanto a liberdade que garante o trabalho da imprensa está ameaçado no Brasil, já que o levantamento registrou 376 casos de agressões a jornalistas e veículos de comunicação no Brasil no último ano.

Os números referentes a 2022 podem ser altos, mas só não são piores do que os de 2021, quando 430 casos foram registrados, 12,53% a mais que 2022, batendo o recorde desde o início da série histórica, realizada pela Federação. Neste dia 07 de Junho, quando é comemorado o Dia da Liberdade de Imprensa, a jornalista Marcelle Chagas, que é uma das coordenadoras da Rede de Jornalistas pela Diversidade na Comunicação (Rede JP), falou com o Notícia Preta sobre o tema.

Só em 2022 mais de 370 casos de ataques a jornalistas foram registrados /Foto: Pexels

Diante de dados revelados pelo relatório, que mostram que a descredibilização da imprensa voltou a ser a violência mais frequente em 2022, com 87 casos de ataques, a jornalista ressalta a importância da liberdade de imprensa não só para os profissionais da área mas para toda a sociedade, que são diretamente atingidos.

“A liberdade de imprensa no Brasil é importante para a manutenção da democracia, da sociedade que nós queremos, igualitária e possível para todos. Sendo a imprensa um dos pilares da sociedade, a liberdade de imprensa garante o livre exercício do jornalismo profissional e possibilita que o jornalista consiga trabalhar a sua função social de informar, e manter a sociedade atualizada”, diz Marcelle Chagas.

E quando se trata da população negra, que por conta do racismo é bastante atingida pela desigualdade de acesso à informação, e a demais direitos básicos como o de poder se expressar, Marcelle Chagas também pontua o quanto o ataque à liberdade de imprensa pode afetar pessoas negras.

O processo de silenciamento da população negra é histórico, e o silenciamento da imprensa como um todo representa para a população negra que esse silenciamento já histórico seja potencializado e aprofundado”, explica a jornalista, que considera importante que sejam buscados espaços e avanços para a população negra dentro desse seguimento.

Jornalista Marcelle Chagas /Foto: Reprodução Redes Sociais

Dentro dessa ótica, Marcelle afirma que a população no geral pode contribuir para combater esses ataques ao não permitir que agressões físicas ou verbais sejam direcionadas aos profissionais e atrapalhem seu trabalho e compreendam o papel da imprensa na sociedade. Ela também fala sobre a adesão aos portais de jornalismo focados na questão racial, como o Notícia Preta.

“Dando espaço, possibilitando que esses portais façam parte do seu dia a dia, sejam fontes de informação para as pessoas, sejam acessados e considerados parte desse sistema midiático devido a sua importância ao relatar temas que não são abordados pela grande mídia, divulgando as notícias”, disse Marcelle.

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No relatório também foi revelado que a censura foi a categoria de violência com maior número de casos, em 2021, e caiu para a terceira posição, em 2022.

Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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