Família de jovem do Complexo do Alemão denuncia prisão forjada do estudante

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Weslley Rodrigues Jacob, 21 anos, cursava o 3º ano do Ensino Médio e estava a caminho da escola quando foi preso

Weslley Rodrigues Jacob, 21 anos, cursava o 3º ano do Ensino Médio e estava a caminho da escola quando foi preso

O estudante Weslley Rodrigues, de 21 anos, foi preso injustamente na terça-feira da semana passada (30) no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. O rapaz entrou na loja em que o amigo trabalha para se proteger de um tiroteio, quando foi preso. Segundo o amigo de Weslley, que presenciou a ação, os policiais entraram no estabelecimento e atribuíram um radiotransmissor ao rapaz. Weslley foi preso em flagrante e a Justiça converteu a prisão em preventiva no dia 1 de agosto.

Weslley trabalhava como assistente em um trailer de manutenção e reparos de aparelhos telefônicos na região conhecida como Grota, conforme contou ao jornal O Dia seu empregador Manoel da Silva: “Eu estava dentro da oficina, que fica perto do trailer, quando começou o tiroteio. Ele (Weslley) tinha acabado de passar lá, botamos música, como costumamos fazer. Quando ele saiu, escutei tiros e fiquei refugiado na oficina. Ele tinha acabado de sair e entrou numa loja de um colega, de artigos eletrônicos”.

Ao jornal Voz das Comunidades a mãe de Weslley, Alexandrina da Cunha Rodrigues, contou que o filho já estava sendo ameaçado pelo batalhão há alguns meses e que temia que algo ruim acontecesse. “Meu filho leva dura da polícia todos os dias na porta de casa e nunca encontraram nada com ele. Meu filho é honrado, nunca me deu problema e é um bom aluno. Estava desempregado e enquanto isso está trabalhando nessa loja de eletrônico, de onde foi levado. Todo mundo na rua sabe que ele é um garoto honesto e que estava sendo perseguido por ser preto, favelado”.

O amigo do Weslley conta que estava sozinho com o rapaz na loja em que trabalha durante a ação: “Houve o tiroteio e os policiais estavam à procura de criminosos. O Weslley estava indo para a escola e eu falei pra ele esperar. Falei: ‘cara, espera pra você não sair correndo e tomar um tiro”, lembra.Segundo o jovem, os policiais passaram na porta da loja e ao avistarem os dois, entraram. Os agentes, segundo o adolescente, que tem a identidade preservada, diz que os policiais começaram a perguntar o que os dois estavam fazendo ali.O adolescente disse que trabalhava no local. “Ele disse que não trabalhava. Pediram as nossas identidades. Mas, o Weslley estava sem. Então, ele deu o nome todo dele e da mãe. Estavam pesquisando se ele tinha antecedente, quando veio outro policial e disse que tinha achado um radiotransmissor no lixo”, diz.

Um dos policiais, segundo a testemunha, acusou Weslley de ser o dono do rádio. Eles teriam apertado o botão do aparelho e ordenado, com ameaças, que o jovem dissesse “passa a visão”, no rádio, para se comunicar com traficantes.Neste momento, o estudante se negou a ‘passar o rádio’, dizendo que não tinha envolvimento com o crime. Um dos agentes, então, teria dado um tapa no rosto do Weslley, que caiu e derrubou a mercadoria da loja. “Weslley começou a chorar e disseram que o ‘radinho’ era dele”, lembra o amigo.  

Durante a semana, Weslley foi transferido para a Cadeia de Benfica e agora está no presídio de Água Santa, onde aguarda audiência.

Por meio de nota a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que na noite terça-feira (30/7), equipes da Unidade Polícia Pacificadora (UPP) Alemão realizavam policiamento pela Rua Joaquim de Queiroz quando criminosos atiraram contra os policiais. Houve confronto e os marginais fugiram. Em ação de varredura, os policiais encontraram um suspeito com um rádio comunicador. O mesmo foi conduzido à 21ª DP (Bonsucesso).

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