Saxofonista baiano cria ‘Cabine Musical’ para continuar trabalhando durante a pandemia

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Músico há 15 anos, Delmar Teixeira trabalha tocando saxofone nas ruas de Salvador. Antes de ser saxofonista, o artista, de 39 anos, morava na zona rural, no interior da Bahia, na cidade Ubaíra, a cerca de 270 km de Salvador. Foi para capital baiana com sua família para conseguir suporte hospitalar para a esposa que está grávida do segundo filho, pois na cidade onde residiam tem apenas um hospital, que não contempla todos os atendimentos.

A história de Delmar com a música iniciou quando tocava violão para banda de Ludmillah Anjos, ex-participante do reality show ‘The Voice Brasil’. Depois atuou por um período no mercado formal, tentou também dar aulas de violão, até investir e começar a tocar sax profissionalmente nas ruas. “Chegando a pandemia parei em casa e fiquei sem saber o que fazer, pois não queria correr risco”, revelou o músico que ficou sem trabalhar entre os meses de março a junho de 2020, por causa da pandemia.

Delmar Teixeira trabalha tocando saxofone

Segundo a ‘Pesquisa Músicos e Pandemia’ produzida em 2020, fruto da parceria entre a União Brasileira de Compositores (UBC) e a cRio/Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), 86% desses profissionais sentiram financeiramente com a paralisia do mercado musical. As carreiras mais prejudicadas pela pandemia foram as de instrumentistas (49%), intérpretes (49%) e compositores (35%), seguidas por produtores fonográficos (25%) e, em menor medida, arranjadores, professores de música, empresários, empregados de editoras e selos, e roadies. Ainda segundo o levantamento, o perfil dos músicos condizente com a média nacional é formado por homens (85%), de 31 a 50 anos (52%) e com ensino médio (29%) ou superior (28%).

Delmar Teixeira trabalha tocando saxofone há 15 anos

No último mês de junho, a prima de Delmar, a qual ele tinha grande afeto, foi infectada pelo coronavírus e após 20 dias ela foi a óbito, tendo apenas 30 anos. “Fiquei mais assustado, e de certa forma isso me auxiliou a aumentar a proteção”, informou o soteropolitano sobre o processo de criação do primeiro protótipo da cabine musical.

Os testes da invenção foram realizados dentro de casa do artista para ter a informação de quanto tempo poderia aguentaria carregando a cabine, também testou no vento para saber se atrapalharia na hora de tocar. As testagens deram tão certo que esse mesmo protótipo foi levado para o trabalho nas ruas. Tubos e conexões de PVC, madeira e plástico são os materiais que compõem o equipamento.

Outras proteções contra o Covid-19 que Delmar utiliza é o álcool, meio as apresentações e sempre que necessário higieniza tanto as mãos quanto objetos, além de usar máscara.

As inspirações para fazer esse trabalho são as pessoas que me aplaudem, que dizem “ótimo trabalho” e as que contribuem financeiramente, falou ele sobre as motivações de continuar levando arte para as ruas. 

Tudo isso vai passar e quem ficar tem por obrigação sair melhor dessa situação, mais forte, menos mesquinho e egoísta!”, é a mensagem que Delmar deixa sobre as lutas e consequências do cenário pandêmico enfrentado no país.

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