Um dos assuntos mais comentados dessa semana foi a declaração do presidente Bolsonaro defendendo descaradamente a disseminação de notícias falsas. No calor do momento, Bolsonaro disse: “fake news faz parte da nossa vida. Quem nunca contou uma mentirinha para a namorada? Se não contasse, a noite não iria acabar bem. Eu nunca menti para a dona Michelle”. Acabou com a plateia rindo.
Nenhuma novidade para um presidente eleito com a ajuda de ferramentas de disparo em massa de notícias falsas, segundo documentos entregues na última quinta-feira (16) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e apurados pelo ministro Alexandre de Moraes, no Inquérito das Fake News.
Bolsonaro segue na campanha pela desinformação. Quer a todo custo retirar a autonomia das plataformas digitais (Facebook, Twitter e Google) de remover conteúdos falsos. A Medida Provisória das Fake News, editada nas vésperas dos atos antidemocráticos de 7 de setembro, foi rejeitada pelo Senado e teve seus efeitos suspensos pelo STF na terça (14), uma dupla derrota para Jair.
Mas essa relação de Bolsonaro com as mentiras não vem de hoje. Aliás, foi assim que ele se elegeu durante 30 anos: criando sempre suas versões próprias dos fatos, longe de qualquer objetividade. E é exatamente isso que define a tal da pós verdade politica, o esvaziamento total da objetividade. É a informação ou uma versão da história (ou de uma história) baseada em crenças pessoais, em paixões, visões ideológicas, vieses. Sabe aquela coisa de o Nazismo ser de Esquerda…?
Pesquise no Google por Post-truth. Vai aparecer o seguinte resultado:
Uma publicação da Oxford Dictionaries explicando que o termo post truth ou pós verdade definiu o ano de 2016, segundo o Dicionário americano. O ano de 2016, diga-se de passagem, foi uma loucura no mundo. Só um exemplo: Trump foi eleito presidente dos EUA com suas ideias incendiárias e seus tuítes pistolas. O Whashington Post chegou a fazer um rankig das mentiras contadas por ele já na Casa Branca. Donald Trumph disparou dezenas de fake news.
Ainda em 2016, a Revista The Economist publicou o emblemático artigo “A arte da mentira”, e cunhou o termo Post-Truth politic. A publicação denunciou uma série de acontecimentos na política internacional em que o uso de mentiras seria determinante para a mudança dos rumos da história. Um caso emblemático foi a campanha para o Reino Unido deixar a União Europeia, o Brexit. Foi ventilado por lá que a Grã-Bretanha seria invadida por imigrantes, uma vez que a Turquia passaria a integrar a UE. A mentira deu no que deu.
Bolsonaro vai além das Fake news. É pós verdade, no sentido mais literal. Ele molda os fatos históricos depois de acontecidos, de acordo com suas convicções, e tenta influenciar a política. É como quando ele disse que não houve ditadura militar no Brasil e que o regime teve só uns ‘probleminhas’ ou que “o Nazismo foi um movimento de Esquerda”. Talvez ele não saiba que no auge do Nazismo Hitler mandou fechar o Partido Marxista.
Para justificar o fim das cotas raciais, Bolsonaro responsabilizou os negros pela escravidão dos próprios negros: “O português nem pisava na África. Foram os próprios negros que entregavam os escravos”, disse Bolsonaro no Programa Roda Viva, durante a Campanha. A diáspora africana foi o maior deslocamento humano da história, pelas mãos dos europeus. Quase 5 milhões de negros vieram escravizados para o Brasil. 12,5 milhões para as américas.
E, claro, tem o Kit gay. O polêmico projeto do MEC na era do PT, para acabar com a homofobia nas escolas, deu início a uma polêmica sem fim. Várias agências de notícias averiguaram que nunca se distribuiu um kit gay nas escolas. O problema do Kit gay é a subjetividade. Ele chegou a mostrar numa entrevista o livro infanto-juvenil “Aparelho Sexual e Cia”, da Cia das Letras, que nunca fez parte do suposto “kit gay”.
Uma decisão do ministro Carlos Horbach mandou à época o então presidenciável remover 6 vídeos de suas redes sociais. Na decisão, o ministro do TSE concluiu que o vídeo “gera desinformação no período eleitoral, com prejuízo ao debate político”.
Já como presidente, Bolsonaro se insurge contra a ordem democrática ao propagar que existem fraudes no sistema eleitoral brasileiro, algo que ele nunca conseguiu comprovar. Ao eleger inimigos para seus defensores combaterem, no melhor estilo fascista, Bolsonaro atira contra as instituições, contra tudo e todos. A arma segue sendo a mesma de quando era apenas um deputado medíocre: a mentira.
Boa analise!