O Bloco Afro Malê Debalê, localizado no bairro Itapuã, em Salvador (BA), foi palco de mais uma edição anual do Concurso Negro e Negra Malêzinho, no último domingo (09). Dentre as 13 finalistas femininas e os cinco finalistas masculinos, Lara Lavyne e Paulo Henrique ganharam a premiação, ao demonstrar presença de palco, desenvoltura e beleza.
O concurso surgiu com o objetivo de celebrar e exaltar a cultura afro-brasileira, a identidade e representatividade das crianças do bloco, além da formação através da dança, música e arte. Durante o ano, o rei e rainha eleitos vão representar o bloco em desfiles e atividades culturais que o bloco estiver presente, como o desfile oficial em Itapuã.
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Em entrevista ao G1, o presidente do Bloco Afro Malê Debalê, Claudio de Araújo, afirmou que “ver essas crianças ocupando esse espaço de protagonismo é emocionante. Elas representam o futuro da cultura afro-brasileira e o Malê continuará sendo um espaço de formação e valorização das nossas raízes”.
O coordenador de dança do bloco Afro Malê Debalê, Agnaldo Fonseca, pontuou a importância do concurso para além de uma premiação física, sendo “muito mais que um título, é um momento de empoderamento e reconhecimento”. Nas redes sociais, o bloco exibiu registros do evento, incluindo shows musicais, danças, apresentações e premiações ao longo da noite, que reforçaram a valorização da cultura e ancestralidade afro-brasileira.
História e resistência
Malê Debalê é reconhecido como o maior bloco afro do mundo e um dos mais importantes do Carnaval de Salvador e já reuniu mais de três mil integrantes em seus desfiles. Fundado em 23 de julho de 1979, em Itapuã, se tornou conhecido entre os anos 80 e 90 por seu papel no combate ao racismo e ocupação de espaços pelos negros.
O bloco é, ainda hoje, referência no cenário através de músicas, fantasias, e danças carregadas de reflexões sobre a valorização da cultura e luta. O nome do bloco faz referência à Revolta dos Malês (1835), uma das maiores rebeliões de escravizados no Brasil. “Debalê, que significa “o espírito que caiu” na língua iorubá, representa aqueles que lutaram e morreram na revolta.
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