“Não tem como a família depor na instituição que cometeu o crime”, comenta advogado de jovem morto por policial na Maré (RJ)

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O advogado Rodrigo Mondego está representando os parentes do jovem Jefferson de Araújo Costa, que foi morto com um tiro à queima-roupa por um policial militar no Complexo da Maré, zona norte do Rio, na última quinta-feira (08). O advogado afirma que diante das circunstâncias, vai pedir para a família prestar depoimento apenas na Promotoria da Auditoria Militar do Ministério Público do Rio.

Não tem como a família depor na instituição que cometeu o crime“, disse Rodrigo, que é procurador da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ. Após ser preso em flagrante, o policial prestou depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), onde o caso foi tratado como homicídio culposo, quando não tem a intenção de matar. Com isso, a  1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) comanda a investigação, onde os familiares deveriam prestar depoimento.

Momento em que o policial aborda o jovem de 22 anos, na Maré /Foto: Reprodução vídeo redes sociais

Em nota divulgada pela Polícia Militar, o policial foi acionado junto com outros membros do Batalhão da Maré, para intervir numa manifestação que acontecia próximo da Avenida Brasil. Nas imagens que circulam na internet, o jovem de 22 anos que estava na manifestação que pedia o fim de operações policiais, é abordado por um agente de forma agressiva, e depois baleado e morto com um tiro à queima-roupa.

Outros vídeos que também circulam nas redes mostram mais de uma viatura passando por Jefferson caído no chão, sem prestar socorro. Foram cerca de 10 minutos agonizando, sem ajuda. Após o depoimento, o policial foi preso em flagrante pela 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar, e por enquanto, o policial ficará preso na Unidade Prisional da PM, em Niterói, localizado no Grande Rio.

Como parte do processo, a arma e a câmera corporal do agente também foram recolhidas para auxiliar a investigação. A PM também informou que a partir destas imagens, a Corregedoria da Corporação vai investigar a conduta do agente.

Após a repercussão das imagens que circularam nas redes, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, classificou o vídeo que mostra as imagens do homicídio de “aterrorizante” e disse que vai acompanhar as investigações.

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Bárbara Souza

Bárbara Souza

Formada em Jornalismo em 2021, atualmente trabalha como Editora no jornal Notícia Preta, onde começou como colaboradora voluntária em 2022. Carioca da gema, criada no interior do Rio, acredita em uma comunicação acessível e antirracista.

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