No dia em que Taylor Dumpson foi empossada como presidente do corpo discente da American University, em Maio de 2017, foram encontradas bananas penduradas ao redor das instalações do campus da universidade. Nas frutas estavam escritas mensagens que associavam a imagem de Dumpson a gorilas mortos num jardim zoológico.
O autor deste ato de racismo foi Andrew Anglin, editor do site fascista “The Daily Stormer”. Andrew divulgou também informações pessoais de Taylor, que é líder estudantil na American University (uma universidade privada com sede em Washington DC) e incentivou os seus seguidores a hostilizá-la. Brian Ade e Evan McCarty ameaçaram a jovem com mensagens racistas e humilhantes, de acordo com outro processo judicial, que decorre desde o ano passado.
A vítima recebeu 500 mil dólares em indemnizações punitivas, 124 mil dólares em honorários dos advogados e mais de 101 mil dólares em indenizações compensatórias.
Este foi o terceiro julgamento dos últimos três meses contra Andrew Anglin, que já foi condenado a pagar um total de 20 milhões de dó-ares a outras três pessoas, mas ainda não pagou nenhum centavo. O editor limitou-se a retirar algumas das publicações racistas e anti-semitas que tinha publicado e que lhe valeram os processos judiciais.
A decisão, definida na última sexta-feira (09) , no Tribunal Distrital do Distrito de Columbia, pode marcar a primeira vez em que um tribunal decidiu que casos que ocorrem na internet podem interferir no processo assim como se fosse em um local público, conforme explica Kristen Clarke, presidente e diretora executiva do distrito e integrante do Comitê de Advogados pelos Direitos Civis Sob a Lei, que representou Dumpson: “Isso abre uma brecha para atacar as perigosas atividades dos supremacistas brancos em nosso país”, disse Clarke em uma entrevista. “Eu esperaria que outros advogados possam usar a decisão neste caso para buscar justiça em nome de outras vítimas de crimes de ódio.”
De acordo com o processo, Dumpson começou a temer por sua vida. Sentia-se insegura andando pelo campus, pegando o transporte público ou saindo de casa à noite. Ela começou a levar spray de pimenta na bolsa e só utilizar carros de aplicativo para se locomover. O medo da estudante era tão grande que ela abandonou um mestrado em sociologia.
Dumpson disse que começou a ter flashbacks e pesadelos. Ela foi diagnosticada com transtorno de estresse pós-traumático, transtorno alimentar, depressão e ansiedade. Ela perdeu mais de 15% do peso corporal “do trauma mental decorrente do incidente”, de acordo com documentos judiciais.