Em cinco meses, Brasil bate recorde em pedidos de demissões: 2,9 milhões

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Conhecido nos EUA como ‘Grande Renúncia’, o fenômeno também chegou ao Brasil. De janeiro a maio deste ano, quase 3 milhões de pessoas pediram demissão de seus empregos. O número se destaca por registrar o maior índice de demissão voluntária em 17 anos. Em comparação com os dois últimos anos (2020 e 2021), o fenômeno de resignação obteve crescimento de 33,8% no país, revela levantamento da Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e os registros do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Mais de 2,9 milhões de brasileiros pediram demissão nos últimos meses – Foto: Divulgação Ministério do Trabalho e Previdência

O movimento sucede a leva de pedidos de demissão em massa que se destaca desde março de 2020 nos Estados Unidos. O fenômeno conhecido como a ‘Grande Renúncia’, chegou a apresentar mais de 4 milhões de demissões voluntárias em um único mês, segundo o BLS, órgão de pesquisa e estatística do governo norte-americano.

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Durante a pandemia, a flexibilização do trabalho remoto contribuiu para que trabalhadores brasileiros das áreas de Tecnologia da Informação (TI) e de biotecnologia encontrassem novas oportunidades por meio dessa modalidade de emprego. A possibilidade de salários chegando a R$ 20 mil, que são atrativos para profissionais do ramo, principalmente pelo fato da remuneração ser gerada em dólar.

Além disso, outras questões presentes no antigo modelo de trabalho perpetuam a onda de desligamentos. A rotina exaustiva de horas no trânsito e de gastos com refeições faz com que os profissionais avaliem tais condições e optem por aquilo que mais convém.  No Brasil, o número de pessoas que compartilham desse pensamento já passa a marca dos 2 milhões.

O perfil dos profissionais de TI 

Tendo em vista a insalubridade no mercado de trabalho brasileiro, que atualmente possui mais de 10 milhões de desempregados, em maioria pretos, mulheres e nordestinos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o privilégio de escolher onde e como atuar contempla um grupo específico da sociedade. O perfil dos profissionais inseridos na ‘Grande Renúncia’ brasileira é composto majoritariamente por homens brancos de até 29 anos que estejam em um patamar profissional elevado. 

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Em relatório da Russell Reynolds Associates (empresa estadunidense com foco em desenvolvimento profissional), pessoas não-brancas capacitadas para atuar no ramo tecnológico correspondem ao grupo de menor visibilidade e ocupação desse espaço, o que revela a desigualdade entre profissionais negros e brancos. Essa problemática reflete tanto na ocupação de pretos em cargos elevados quanto em suas remunerações, havendo uma disparidade de 45% nas oportunidades destinadas a esses dois grupos, revela o IBGE.   

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