A última pesquisa do Datafolha que foi divulgada neste domingo (24), aponta que 60% das pessoas que se autodeclaram pardas no Brasil, não se consideram negras. Já os 40% restantes, se identificam como negros. Entre os entrevistados que se autodeclararam pretos, 96% se consideram negros, mas 4% não.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), negros é a junção dos pretos e pardos. Nesta pesquisa, foram ouvidas 2.004 pessoas com 16 anos ou mais em 113 cidades pelo Brasil, entre 5 e 7 de novembro deste ano. A margem é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Dados dessa mesma pesquisa do Datafolha apontam que 17% dos pardos já se sentiram discriminados pela sua cor. Como o caso da pernambucana Rebheka Quintão, que foi entrevistada pela pesquisa, e depois também foi ouvida pelo jornal Estado de Minas. Ela revelou que sempre ouviu que era muito escura para ser branca e ao mesmo tempo, nunca se viu como negra. “Me sinto muito inviabilizada”, disse.
“Eu sou escurinha demais pra ser branca, mas eu também sou muito clara pra ser negra. Eu tenho um bocão, tenho o meu corpo inteiro de uma pessoa preta. O olho, o nariz, o cabelo, tudo, mas eu tenho a pele mais clara”, completou Rebheka. Entre os pretos, 56% já se sentiram discriminados por sua cor.
No caso do paulista, Danilo Machado, entrevistado pela pesquisa e também pelo jornal Estado de Minas, ele está entre os pardos que se consideram negros. Foi criado por uma família adotiva de mãe branca e pai preto. O administrador de empresas diz que entender o contexto social em que vivia, foi essencial para encontrar seu espaço de pertencimento na negritude.
“De fato é um descobrimento porque infelizmente a gente vive numa sociedade em que foi plantada essa branquitude”, diz ele enquanto fala sobre a branquitude na sociedade e seus privilégios. “Então a gente tende a não se enxergar do modo como a gente é”, completa ele.
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