Uneafro denuncia deputado que incentivou execuções em discurso na Alesp

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Sargento Neri (à esquerda) - Foto: Arquivo Pessoal

Sargento Neri (à esquerda) – Foto: Arquivo Pessoal

A Uneafro (União de Núcleos de Educação Popular para Negras e Negros) protocolou denúncia contra o deputado estadual Sargento Neri (Avante) na Assembleia Legislativa (Alesp), no Ministério Público do Estado de São Paulo, na Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) e no gabinete do governador do estado, João Doria (PSDB), pedindo a cassação do parlamentar e a investigação sobre crimes que ele teria “confessado”. De acordo com o documento, o policial da reserva teria ferido o decoro parlamentar ao incitar, publicamente, a prática de crime.  

Um vídeo publicado no jornal Brasil de Fato mostra o deputado pedindo que a Polícia Militar organizasse operações para executar dez pessoas, depois do assassinato de algum agente da corporação. A fala declaração do parlamentar foi dita durante reunião da Comissão de Segurança Pública e Assuntos Penitenciários, no último dia 25.

É uma vergonha nós perdermos três policiais, um garoto alvejado na cabeça, e não fazermos uma operação para matar dez. A resposta por um policial morto são dez ladrões mortos. É o mínimo. Da Polícia Militar que eu venho, nós não entregávamos uma viatura para a outra equipe enquanto não se pegasse o ladrão. Nós não faríamos o velório do policial enquanto não estivesse no necrotério o corpo do ladrão. Isso é fato, isso é guerra”
afirmou o deputado, diante de seus pares na Alesp.

Em seguida, Neri criticou o comando das polícias em São Paulo. “Eu dei aula para formação de soldados por quase 12 anos. Quando eu comecei a perder meus alunos, eu parei de dar aulas. Eu não formei aluno para morrer, eu formei aluno para matar e sobreviver. Hoje, o que nós temos é um comandamento (sic) fraco e um secretário de segurança fraco, nós precisamos de homens na Polícia Militar, Polícia Civil e secretaria que entendam de segurança pública.”

Para a Uneafro, o deputado “confessa crimes que ele próprio e sua corporação cometeram no momento da atribuição de suas funções policiais; Confessa, com suas declarações, que orientou seus formandos à prática sistemática da vingança e de execuções sumárias extrajudiciais e mais que isso, deixa a entender que ele próprio, em suas mais de duas décadas de trabalho como agente do estado, também promoveu execuções sumárias extrajudiciais.”

A entidade afirma que Neri quebrou o decoro parlamentar e incidiu no crime de incitação à violência. Por conta disso, a Uneafro requer um posicionamento imediato da SSP; o levantamento das ocorrências cometidas pelo deputado quando era policial, bem como a investigação de “possíveis homicídios”; um posicionamento de Doria sobre a formação dos policiais da corporação e sobre a afirmação de que a PM pratica “execuções sumárias extrajudiciais”; a instalação de processo disciplinar na Comissão de Ética da Alesp para a cassação do mandato de Neri; e a retratação pública do deputado.

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