Dois anos após assassinato de João Pedro, justiça realiza a primeira audiência

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Após dois anos, a primeira audiência do caso João Pedro foi iniciada na tarde desta segunda-feira (05). A audiência de instrução e julgamento vai acontecer no Fórum São Gonçalo, no Rio de janeiro. Em junho, a justiça condenou o Estado do Rio de janeiro a pagar uma indenização de 2/3 de um salário mínimo para a família de João Pedro até a data em que ele completaria 25 anos; e em seguida, 1/3 do salário-mínimo até quando ele completaria 65 anos.

João Pedro foi assassinado em maio de 2020 – Foto: Reprodução/Redes sociais

Antes da audiência, a mãe de João Pedro, Rafaela Santos, momento antes do início dos depoimentos, disse que a justiça carioca precisa dar uma posição à sociedade e ressaltou a importância dos militares irem a júri popular. “Essa resposta da Justiça vai acalmar nosso coração. O que nós esperamos é que esses policiais vão a Juri Popular. A gente acaba tendo que transformar o luto em luta. Então, nós estamos esses dois anos nessa luta, aguardando pela justiça”, comenta.

João Luís Silva, articulador do Rio da Paz , ressalta que a justiça criminal seria diferente se João Pedro não fosse um menino negro e morador de periferia. “Vivemos isso porque existe uma seletividade na justiça criminal. Talvez, se João Pedro fosse uma criança da Zona Sul e branca, os culpados já teriam sido punidos. Mesmo assim, a gente sente que a justiça pode ser feita nesse caso, porque ainda tem muitas famílias que não conseguiram o mesmo e ainda choram a morte de suas crianças sem justiça”, pontua João Luís em entrevista ao G1.

Relembre o caso

João Pedro (14) foi morto a tiros de fuzil, durante uma operação das policias Civil e Federal no Complexo do Salgueiro (RJ), no dia 18 de maio de 2020. Segundo familiares, os policias entraram na casa já atirando e João Pedro, que brincava na hora com alguns amigos, foi baleado na barriga. Mesmo recebendo socorro, não resistiu aos ferimentos.

Em nota naquela época, as policias Civil e Federal justificaram a morte alegando que o segurança de um traficante, que de acordo com eles era alvo da operação, havia pulado o muro da casa do adolescente e que tiveram disparos e arremessos de granadas na direção dos agentes. Fato que ainda não foi confirmado pelas investigações.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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