Tombamento de terreiro de Joãozinho da Gomeia, deve acontecer até o fim deste mês

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Joãozinho da Gomeia em um ritual no terreiro – Foto: Divulgação

O processo de tombamento do terreno que foi do babalorixá baiano Joãozinho da Gomeia em Duque de Caxias deve ser concluído este mês. O objetivo da Comissão de Preservação e Tombamento da Memória Gomeia, formada por religiosos e descendentes espirituais do sacerdote, é que o espaço se torne um centro cultural de pesquisa de matriz bantu e de preservação da memória do babalorixá.

Joãozinho da Gomeia iniciou sua trajetória espiritual em 1931 em Salvador, mas foi na Baixada Fluminense, em 1948, que estabeleceu o Terreiro da Gomeia, tornando-se o babalorixá mais famoso do Brasil. O sacerdote morreu em 1971, vítima de complicações cardíacas.

Após a conclusão do estudo técnico pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), o relatório seguiu para a Secretaria estadual da Casa Civil e Desenvolvimento Econômico, de onde será encaminhado para a assinatura do governador em exercício Cláudio Castro. Depois, a Secretaria estadual de Cultura e Economia Criativa determina o tombamento provisório.

Em entrevista ao jornal carioca Extra, a filha de santo de Joãozinho da Gomeia, Mameto Seci destacou a importância da revitalização do espaço: “Nossa preocupação é preservar a memória do meu pai de santo. Depois, começar a construir o centro cultural. A gente não pensa só na cultura afro, mas em toda a comunidade daqui”, afirma a herdeira espiritual e presidente da Associação dos Descendentes da Ndanji Gomeia (Adengo).

Após o tombamento, a Comissão quer buscar parcerias para começar as intervenções no terreno. A Secretaria da Casa Civil disse que o estudo será analisado pelo governo, que tomará a decisão até o fim do mês.

“João da Gomeia é um importante referencial da cultura local e do Candomblé brasileiro. Sua trajetória ajudou a combater a intolerância e o racismo religioso. Preservar a memória é fundamental para conhecermos e reconhecermos a diversidade da nossa sociedade. O processo de patrimonialização da Gomeia deve ser comemorado por todos nós”, afirma Márcio de Jagun, Superintendente de Promoção da Liberdade Religiosa do Estado do Rio de Janeiro.

Anúncio de creche

Em junho deste ano, o prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, anunciou que faria uma creche no local. Diante do anúncio, o Ministério Público Federal (MPF) pediu explicações a Reis e às secretarias municipais de educação e cultura. No dia 18 de julho, foi realizado o ato Abraço em Defesa do Terreiro da Gomeia. Uma semana depois, a prefeitura desistiu de construir a creche no espaço.

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