A mãe de santo Mam´etu Kavunjenan registrou um boletim de ocorrência na última quarta-feira (21), na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerâncias (Decradi) contra seu vizinho por intolerância religiosa.
Segundo a religiosa, o terreiro funciona há mais de 20 anos no mesmo local e o vizinho tem colocado música em volume elevado durante os cultos, atrapalhando os trabalhos. Ainda de acordo com Mam’etu, em diversas situações, ela foi solicitar que o vizinho reduzisse o volume. “De uns tempos pra cá ele passou a não gostar da gente pedir pra abaixar e passou a colocar o som mais alto ainda. Nos últimos tempos, ele não pode ver nenhum movimento no terreiro, ele coloca música mais alta ainda, ao ponto de não conseguir conversar”, afirma.
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Mam’etu ressalta ainda que é vizinha de uma igreja Presbiteriana e nunca teve problemas com eles. “Somos muro colado com uma igreja presbiteriana e não temos nenhum problema, mas esse vizinho fica gritando ‘sai Satanás’, e que nós fazemos magia negra, além do som alto”, comenta.
“Esse final de semana eu tive um recolhimento e foi muito difícil porque as pessoas não conseguiram descansar, as pessoas não conseguiram rezar”, conclui.
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), em 2020, o Rio de Janeiro contabilizou 23 casos de ultraje a culto religioso em todo o estado. A tipificação criminal é determinada pela ridicularização pública, impedimento ou perturbação de cerimônia religiosa. O número é um pouco menor que o de 2019, ano pré-pandemia do coronavírus, em que 32 casos foram registrados.
No total, as delegacias da Secretaria de Polícia Civil fizeram 1.355 registros de ocorrência de crimes que podem estar relacionados à intolerância religiosa em 2020, ou seja, mais de 3 casos por dia. Nesse contexto se incluem ainda os casos de injúria por preconceito (1.188 vítimas); e preconceito de raça, cor, religião, etnia e procedência nacional (144).
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