Recenseador do IBGE sofre injúria racial durante coleta do Censo 2022, em BH

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) deu início há duas semanas a coleta de dados do Censo Demográfico 2022. Augusto César Carvalho é um dos mais de 180 mil servidores temporários contratados para o trabalho e estava em um prédio localizado no bairro Sagrada Família, região Leste de Belo Horizonte (MG), quando a dificuldade de concluir a coleta começou.

Segundo Augusto, mesmo usando uniforme  composto por colete, boné e crachá de identificação e portando o Dispositivo Móvel de Coleta  (DMC) – aparelho usado para registro e armazenamento das informações coletadas em campo – foi recebido com muita resistência pelos moradores, por isso decidiu permitir  a divulgação da foto do seu crachá.

Uma moradora ainda não identificada compartilhou a imagem em um grupo de whatsapp do prédio e escreveu que o recenseador tinha “pinta de assaltante”. O ocorrido foi divulgado por um morador em um outro grupo. “Esse rapaz esteve no meu prédio ontem à noite, e uma moradora postou que ele tinha pinta de assaltante, uma vergonha esse preconceito racial”, escreveu na mensagem.

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O recenseador relatou ter passado pelo local nove vezes nos últimos sete dias e três apartamentos ainda estão atrasando o atendimento. De acordo com Augusto César, os moradores não recusam a entrevista, mas postergam, marcam em outros horários e não atendem. Em casos de morador ausente a orientação do IBGE é que o recenseador retorne no mínimo quatro vezes ao endereço em dias e turnos diferentes. 

Sobre o caso, o IBGE respondeu em nota ao jornal Estado de Minas que o recenseador deve procurar a polícia para registrar o boletim de ocorrência. O crime de injúria racial pode ser denunciado nas delegacias especializadas em crimes raciais ou em qualquer outra delegacia e a pena prevista é de um a seis meses de reclusão, além de multa. Desde 2021 o crime é inafiançável e imprescritível.  

Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Minas Gerais registrou 197 casos de injúria racial entre janeiro e junho deste ano, um aumento de 24% se comparado ao mesmo período do ano passado, onde o registro foi de 158 casos.

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