Comunidades quilombolas começam a ser recenseadas pelo IBGE

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Nesta quarta-feira, 17, o Instituto  Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o Dia de Mobilização do Censo Quilombola em alguns estados do país para dar início ao recenseamento deste grupo e dar visibilidade para a importância de responder ao Censo. De acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), foram divulgadas, na oportunidade, informações sobre a metodologia que será adotada no recenseamento que incluí pela primeira vez este grupo. O censo demográfico irá recensear os territórios quilombolas do país até dia 31 de outubro. 

Ao todo, foram mapeados 5.972 comunidades quilombolas e 2.308 agrupamentos no Brasil que serão recenseados. O IBGE mapeou três tipos de territórios: oficialmente delimitados, agrupamentos quilombolas (áreas com pelo menos 15 indivíduos) e áreas de interesse quilombola, definidas através de levantamentos e conversas com lideranças quilombolas.

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A coleta de dados em territórios mapeados partirá da pergunta “sua cor ou raça é branca, preta, amarela, parda ou indígena?”, independente da resposta, será perguntado se a pessoa se considera quilombola e, se a resposta for sim, qual o nome de sua comunidade. Já em comunidades pré-mapeadas, o recenseador registrará o domicílio como território quilombola. Essa informação será utilizada posteriormente, para identificar a subnotificação dos territórios quilombolas presentes no país.

Recenseadores do IBGE foram treinados / Foto: Free Pik

Em publicação, a Conaq  afirmou que o Censo será importante para responder perguntas, como: o total de pessoas quilombolas residindo no país, como esse grupo vive dentro dos territórios quilombolas oficialmente delimitados e fora deles, onde e quantas comunidades quilombolas existem no país, como estão as condições de suas habitações e qual o acesso à educação e saúde dessa população.

Para Antônio Crioulo, membro da coordenação executiva da Conaq, o Censo é um marco histórico que representa o reconhecimento do Estado da população quilombola. “Passamos por séculos de invisibilidade e compreendemos que por meio dos dados qualificados do censo essas informações darão visibilidade às nossas peles, nossas existências e, acima de tudo, nossas necessidades”, comentou.

Os recenseadores foram treinados para coletar as informações sobre este grupo e serão auxiliados por “guias comunitários”, uma pessoa da comunidade que irá conduzir e auxiliar o recenseador nas comunidades com as rotas, maneiras de abordagem e horários de visita. Antes de iniciar o Censo, o IBGE se reuniu com lideranças quilombolas para buscar apoio no engajamento da população já que a mobilização para a realização deste Censo é uma pauta antiga das lideranças quilombolas. Representantes do IBGE vem se consultando, desde 2018, com as lideranças para definir estratégias de inclusão deste grupo. 

Sobre o processo de elaboração do Censo, Antônio diz que a Conaq, junta de outras lideranças, mantém o acompanhamento da aplicação do Censo, que será uma base para construção de políticas públicas efetivas para esta população. “Nós sabemos que o processo para elaboração do Censo foi educativo. Vamos lutar futuramente para que o quesito quilombola seja incluído em todas as ações que o Estado venha a fazer com o nosso povo, seja no SUS, no Suas ou no MEC. Nossa pretensão é que com base nessa experiência da elaboração do Censo Quilombola, o quesito quilombola seja incluído em todas as políticas públicas do Brasil e com isso possamos detectar qual o grau de atendimento que o Estado tem para o nosso povo”, concluiu.

Laura Abreu

Laura Abreu

Laura Abreu é jornalista recém-formada pela universidade pública e, atualmente, trabalha como redatora. Durante a graduação e início da carreira, passou por veículo de comunicação regional e se envolveu com projetos de comunicação voluntários.

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