Média semanal de posts contendo discurso de ódio subiu de 2.179 para 3.246 na rede social
Publicações racistas no X (antigo Twitter) em inglês, aumentaram 42% entre outubro de 2022 e maio de 2023, desde que o empresário Elon Musk comprou a plataforma. É o que mostra o estudo ‘X under Musk’s leadership: Substantial hate and no reduction in inauthentic activity’ da Universidade da Califórnia em Berkeley, publicado na última quarta-feira (12), na revista científica Plos One.
Os dados mostram que houve um aumento geral de discurso de ódio na plataforma de 50%, sendo que os comentários transfóbicos foram os que tiveram um aumento expressivo de 260%, seguido pelos conteúdos racistas (42%) e homofóbicos (30%).
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O número de robôs e outros tipos de contas falsas não foi reduzido durante o recorte analisado na pesquisa. Antes da aquisição do empresário, a média semanal de posts identificados com discurso de ódio era de 2.179, sendo que os registros de comentários racistas na rede social era uma média de 579 por semana, e passou para 822 no período estudado.
Já as menções transfóbicas passaram de 115 para 418 e posts homofóbicos, que são os mais frequentes no X, tinham uma média semanal de 1310, passando para 1.737 pós Elon Musk.
O aumento de atividade na plataforma em 70% no engajamento nesse tipo de publicação, pode estar ligada ao crescimento do discurso de ódio. De acordo com a pesquisa, os usuários foram mais expostos durante a política “freedom of speech, not reach” (liberdade de expressão, não de alcance) da rede social, X, antes intitulada como Twitter.
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No estudo, há menções de dados e pesquisas anteriores que conectam o discurso de ódio na internet com crimes de ódio fora da rede, enquanto robôs e outras contas falsas promovem desinformações e spam, que impactaram em eleições e campanhas de saúde pública.
Para identificar os comentários ofensivos, os pesquisadores usaram um modelo de reconhecimento de linguagem, que identificava os post em “rude, desrespeitoso ou despropositado, provável de fazer alguém deixar uma discussão”. Com essa abordagem, foi evitado que as amostras abrangessem posts educativos ou pornográficos com palavras consideradas ofensivas por minorias.
A plataforma X determinou que uma britânica condenada por incitar violência e racismo em um post na rede social, não violou as regras da plataforma com sua postagem. Em julho de 2024, a inglesa compartilhou em sua conta do X uma mensagem em que ela pedia que os hotéis que abrigam imigrantes fossem incendiados e clamava por “deportação em massa já”.
O conteúdo foi denunciado por alguns usuários, mas o X rejeitou a solicitação. A autora do conteúdo se pronunciou afirmando “Se isso me torna racista, que assim seja”. Esse caso recente mostra como a rede social continua defendendo a “liberdade de expressão”, onde as pessoas têm espaço e se sentem livres para expor comentários com discurso de ódio.