Banhos quentes durante os dias frios é um privilégio que não é extensivo a todos os brasileiros. A população em situação de rua sofre com a falta de estrutura neste período do ano. Porém, uma iniciativa social em Belo Horizonte (MG) vai disponibilizar o “Benzão – O Ônibus do Bem”, que oferece banho para essas pessoas.
O ônibus é um veículo que era utilizado no transporte público que foi equipado com banheiro, ducha, além de uma barbearia e um consultório/escritório, que será usado para higiene, além de atendimento psicológico e jurídico para as pessoas em situação de rua.
Décio Freire, advogado e fundador do Instituto Dom Luciano Mendes de Almeida, disse que a ideia veio quando ele percebeu o aumento da população de rua na capital mineira. “Em BH, notamos esse aumento principalmente durante a pandemia. O instituto criou um projeto e distribuímos 45 mil máscaras, mas achamos que isso não era suficiente e queríamos fazer algo maior”, explica.
“Tivemos então a ideia da criação do ‘Benzão’, que é uma alusão ao ‘buzão’, palavra usada pela população para se referir ao ônibus”, acrescenta.
De acordo com Décio, o objetivo é iniciar os atendimentos em 1º de agosto e o ônibus circulará de segunda a sábado, em horário comercial e passará por 25 “pontos quentes“, onde existem as maiores concentrações de pessoas em situação de rua em BH.
“A ideia é que o ‘Benzão’ fique parado a cada dia do mês em uma localidade fixa para que o cidadão possa ter em mente que uma vez por mês ele vai ter o atendimento naquele local. Isso vai permitir atingir todas as regiões da capital durante o mês e buscar mais dignidade, enquanto não resolvemos o problema em definitivo”, afirma.
Dados das ruas
Um levantamento da Secretaria Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte mostra que o número de pessoas em situação de rua em Belo Horizonte deu um salto entre os anos de 2013 e 2023, passando de 1.827 para 5.344, totalizando 192% de aumento de indivíduos.
Leia também: Em Pernambués (BA), a dança do ventre tem despertado a autoconfiança das mulheres
Desse total de 3.517 novas pessoas que foram viver na rua, 35% passaram para essa condição durante ou após a pandemia da Covid-19.
