O levantamento foi publicado no último domingo (21), no Dia Internacional Contra a Discriminação Racial
Uma pesquisa, realizada pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, mapeou os perfis dos editores que estão à frente dos 100 maiores veículos de notícias on-line e off-line no Brasil, Alemanha, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos. O resultado mostrou que somente 15% dos 80 editores principais são não-brancos. No Brasil, o cenário é ainda pior: nenhum negro está na liderança dos maiores portais, emissoras e jornais.
Em entrevista à Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), a coautora do documento, Meera Selva, explicou que até existem negros em posições-chave, mas eles não possuem poder de decisão. “Por isso, confirmamos os dados para melhor traduzir o resultado de quem detinha, em mãos, os espaços do poder”, disse.
Mesmo a população negra representando mais de 56% do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda está longe de as Redações serem dirigidas por pessoas declaradas pretas e pardas. No Brasil, a soma das duas classificações forma o grupo de negros.
O levantamento também chama a atenção para a importância da presença de editores de diferentes raças e vivências nas mídias, que são meios essenciais para tratar das questões sociais. O relatório menciona que os veículos de comunicação podem perder perspectivas relevantes de histórias por causa das vivências privilegiadas de editores.
Falta diversidade no Jornalismo
Com a ausência de diversidade nos veículos jornalísticos, em especial nos cargos mais altos, é gerada, também, uma ausência de representatividade nas pautas. Em 2020, a GloboNews escalou apenas jornalistas brancos em um programa para falar sobre racismo. Após ter sofrido críticas nas redes sociais, o canal realizou uma edição do noticiário “Em Pauta” apenas com jornalistas negros.