Letramento racial e favelado: uma análise semiótica da não utilização de palavras racistas e pejorativas

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Por: Flavinha Cândido

Introdução

O debate sobre o letramento racial e favelado tem se revelado essencial na busca por uma compreensão mais profunda das dinâmicas linguísticas e sociais em contextos marginalizados. Este artigo propõe uma análise sob a ótica da semiótica, visando examinar a importância da não utilização de palavras racistas e pejorativas em comunidades faveladas, ressaltando a influência simbólica e semântica desses
termos no imaginário social.

Letramento Racial/Favelado: Um Contexto de Reflexão

Para Carolina Maria de Jesus, habitante das favelas de São Paulo e autora de “Quarto de Despejo”, a linguagem é uma arma poderosa que reflete e reproduz as hierarquias sociais. Suas palavras ecoam: “Se estou escrevendo é para as pessoas pensarem na desgraça dos pobres”. Esse pensamento instiga uma reflexão sobre o papel da linguagem na construção e desconstrução das narrativas marginalizadas.

Djamila Ribeiro, em suas obras sobre racismo e feminismo negro, reforça a importância de reconhecer e desafiar as estruturas linguísticas que perpetuam a opressão. Ela afirma: “É fundamental estar atento à linguagem para não naturalizar o racismo no nosso cotidiano”. Suas palavras ecoam a necessidade de desconstruir discursos discriminatórios arraigados na sociedade.

A análise é feita pela professora Flavinha Cândido /Foto: Pexels

Renata Souza, ao discutir a representação das favelas no discurso político, destaca: “A linguagem carrega em si um poder imenso de perpetuar estigmas ou de subverter discursos hegemônicos”. A análise crítica da linguagem se torna, assim, um ponto-chave para compreender e desafiar estereótipos sobre as comunidades faveladas.

A contribuição de Grada Kilomba sobre a memória, trauma e linguagem oferece um olhar profundamente reflexivo. Para Kilomba, “A linguagem é o lugar onde a memória e o poder se encontram”. Sua abordagem teórica destaca a importância de reconhecer o poder simbólico das palavras na construção e na desconstrução das narrativas coloniais e racistas.

Análise Semiótica e Propostas para o Letramento Racial/Favelado

Através da análise semiótica, este artigo busca desvelar os significados subjacentes das palavras racistas e pejorativas presentes nos discursos sobre as comunidades faveladas. Propõe-se a desenvolver estratégias de intervenção embasadas nessas reflexões, visando promover um letramento consciente e responsável, além de incentivar a não utilização desses termos.

Conclusão

O estudo do letramento racial/favelado, sob uma análise semântica e simbólica, revela-se uma ferramenta essencial para a desconstrução de estereótipos e a construção de discursos mais inclusivos. As reflexões e contribuições de Carolina Maria de Jesus, Djamila Ribeiro, Renata Souza e Grada Kilomba oferecem bases teóricas fundamentais para repensar a linguagem e suas implicações nas comunidades marginalizadas. O desafio atual consiste em transformar essas reflexões em práticas que promovam um discurso mais consciente, sensível e emancipatório nas favelas e além delas.

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