“População negra não tem o acesso ideal ao sistema de saúde”, diz médico cardiologista

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Um levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) divulgado no início do mês mostra que as internações por infarto aumentaram 150% no Brasil entre 2008 e 2022. Cerca de 70% a 75% da população brasileira utilizam os serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), e os dados foram coletados através do Sistema de Internação Hospitalar do Datasus, do Ministério da Saúde.

Esse sistema abrange informações de todos brasileiros que utilizam os serviços do SUS, entre hospitais públicos e privados terceirizados. Diante deste cenário, o médico cardiologista Jefferson Santana, concedeu uma entrevista exclusiva ao Notícia Preta analisando os dados desse crescimento, as maiores motivações do infarto, como por exemplo a hipertensão, e quem é mais atingido.

Sobre os fatores que propiciam o aumento desses infartos, o Dr. Jefferson Santana relatou uma lista de situações.

“Os fatores de risco mais associados a esse aumento são o stress e a obesidade derivada da má alimentação com o advento dos fast foods que na correria do dia a dia são mais consumidos. Além disso, temos também a hipertensão arterial mal controlada devido ao nosso sistema de saúde que não consegue assumir o tratamento de toda a população com medicação de qualidade, infelizmente”, pontua o médico.

Médico cardiologista Jefferson Santana /Foto: Reprodução Instagram

Pesquisas apontam que a hipertensão arterial, uma das principais doenças causadoras de infarto, é mais comum em pessoas negras. Em 2018, um levantamento da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, mostrou que 24,9% dos adultos negros relataram ter problemas de hipertensão. Para o médico cardiologista, a falta de acesso a alimentos de qualidade e informações sobre cuidados preventivos afetem a população negra.

“Sem dúvida. Sabemos que historicamente a nossa população negra não tem o acesso ideal ao sistema de saúde, sem contar que a própria genética já nos leva a ter uma ocorrência maior de hipertensão arterial, além da dificuldade de acesso a medicamentos de qualidade para o tratamento”.

Com a existência de artigos científicos que relacionam o alto índice de infartos entre pessoas negras ao escravagismo. Na sua experiência como cardiologista, o Dr. Jefferson Santana afirma que percebeu ao longo do tempo, que pessoas negras podem ser mais propensas a sofrer infarto, mas destaca que há mais situações que levam a isso.

“Pelo exposto acima , dá pra dizermos que sim, mas são vários fatores que historicamente levaram a nossa população a essa condição atual”, afirma o médico.

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Thayan Mina

Thayan Mina

Thayan Mina, graduando em jornalismo pela UERJ, é músico e sambista.

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