Um levantamento mostra quem são as maiores vítimas do novo coronavírus no país
Uma pesquisa, realizada pela consultoria Lagom Data, e publicada pela Revista Época, mostrou que, das 54.448 mortes analisadas de vítimas do novo coronavírus, a grande maioria delas são de pessoas negras, moradores de periferias e mais jovens que em outros países onde a pandemia inviabilizou o sistema de saúde, como Itália e Espanha.
O sistema Sivep-Gripe permite analisar o que cada profissional de saúde escreveu na ficha de cada paciente infectado com o novo coronavírus. A inserção tem uma certa defasagem, uma vez que a última terça-feira (30), havia 54.448 mortes, já nos dados do Ministério da Saúde, passavam os 60 mil óbitos.
Localização das vítimas
As informações completas nas fichas dos pacientes dá uma precisão nos dados e, com isso, é possível identificar que 96% das vítimas que morreram em decorrência da Covid-19 viviam em zonas urbanas e quase 60% eram homens. Em cerca de 33% das fichas, a cor da pele era preenchida e mostra, mais uma vez, os impactos da desigualdade. Das vítimas que a cor foi identificada, 61% eram pretas ou pardas, enquanto para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), esse percentual chega a 54%.
Dados conflitantes
Na região norte do país, 86% das vítimas de coronavirus eram pretas oi pardas, contrastando com o percentual do IBGE, que alega 76% desses fenótipos. Já no nordeste, eram 82%, sendo que, de acordo com o IBGE, a região possui 70% de pessoas negras.
Segundo um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde, em Pernambuco, por exemplo, 77% dos infectados são pessoas negras. Porém, de acordo com o IBGE, o percentual de negros em todo o estado é de 69%.