“Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte”. Avisa lá que o zica voltou!

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Capa do single 'Eminência parda', de Emicida — Foto: Divulgação / Laboratório Fantasma

Emicida retorna trazendo ancestralidade e política em nova música

“Minha caneta tá fodendo com a história branca E o mundo grita: não para, não para, não para”

Por Ana Paula Souza e Luis Fernando

Emicida lançou o single “Eminência Parda” à meia noite de ontem. A obra, que conta com participações de Dona Onete, Jé Santiago e Papillon, faz referência à ancestralidade, pautando também o racismo que, contrário às palavras do presidente, não é raro no Brasil. Essa é a primeira faixa do próximo álbum do rapper paulista, que deve se chamar “Permita Que Eu Fale”.

O artista, no auge de seus 33 anos, coleciona hits e admiração de um vasto público, sobretudo jovens negros e periféricos que seguem na mira do Estado.

A divulgação do novo trabalho acontece após quatro anos de hiato do último disco lançado- “Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa” (2015), onde Emicida escreve a partir das viagens que fez ao continente africano. O que se sabe, até o momento, é que o novo disco será uma espécie de continuação da última obra lançada. Assim, tudo indica que Emicida irá ampliar o repertório musical acerca das vivências em África e também das suas passagens, por exemplo, pelo Japão, com as tradições orientais que o artista é admirador confesso.

Para o Eminência, as participações de Dona Onete, Jé e Papillon casaram bem com a proposta do trabalho. A primeira, dona de um repertório musical e cultural gigantesco vindo do Norte do país, realçando as raízes brasileiras mais profundas. O segundo, no entanto, uma das figuras mais reconhecidas do Trap brasileiro, representante do grupo Recayd Mob. E, por fim, o artista português Papillon, grande expoente também na cena local.

Após o lançamento, as emoções foram diversas: no Twitter, Emicida perguntou sobre as impressões perante a música e alguns disseram que choraram, enquanto outros mal conseguiam expressar o misto de sentimentos.

Apesar dos milhares tweets de elogios, o rapper afirmou que o caminho até finalizar a obra foi longo. Da história até a matemática, Emicida procurou referências e incrementou a obra que, aos olhos de alguns internautas, é o ponto alto da carreira do artista.

Foto: Victor Balde / Divulgação

De Ooorra a São Paulo Fashion Week

Que Leandro Roque de Oliveira se firmou como uma das maiores vozes do rap, já não é novidade nem para os ouvidos menos atentos. No entanto, a trajetória do artista foi marcada por barreiras que jovens negros de periferia estão sujeitos a enfrentar.

Enquanto ‘Ooorra’ foi gravada na lavanderia do produtor Nave Beatz, o álbum ‘Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa’ alçou voos maiores. A obra, divulgada em 2015, inaugurou a passagem de Leandro em um álbum de estúdio e, de antemão, mostrou a ânsia do rapper em levar suas ideias ao mundo, sem que paredes de gravadoras o limitasse.

Nesse intervalo de tempo, entre um lançamento e outro, Emicida fez história em espaços que não costumam receber negros como convidados, mas sim como empregados. Em 2015, o rapper estreou no São Paulo Fashion Week e apresentou a coleção do Laboratório Fantasma, além de lançar o fashion film da LAB junto ao clipe da música Mandume.

No momento em que a produtora, construída pelas mãos de Emicida e outros parceiros da cena completa 10 anos no mercado, o rapper segue quebrando paradigmas e, através de sua arte, mostra a potência do povo de quebrada, pois, segundo o próprio significado do nome Emicida, “Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte”.

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