O uso de tochas e máscaras eram símbolos comuns nos protestos do movimento Ku Klux Klan
Com tochas acesas nas mãos e máscaras que cobrem todo o rosto, o grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, autointitulado “300 pelo Brasil”, que está acampado no Planalto Central, em Brasília, marchou na madrugada deste domingo (31) até o Supremo Tribunal Federal. Com gritos de “fora STF” e contra o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito das fake news, eles fizeram gestos e entoaram expressões semelhantes às do grupo racista Ku Klux Klan.
Durante a marcha, eles gritavam “ahu”, uma expressão que tem sido utilizada por movimentos de extrema-direita em vários lugares do mundo. A performance também lembra expressões de supremacistas brancos na Universidade da Virginia, em Charlottesville. O evento, que aconteceu em 2017, ficou conhecido pelas cenas de violência do movimento neonazista “Unite the right” (unir a direita), contra a comunidade negra.
A líder do grupo paramilitar é a extremista Sara Winter, uma ex-feminista que se tornou antifeminista. Em entrevista à BBC, ela afirmou que no grupo existem pessoas com armas “para proteção dos próprios membros”, o que é expressamente proibido pela Constituição brasileira, por se tratar de uma manifestação política.
“Em nosso grupo, existem membros que são CACs (Colecionador, Atirador e Caçador), outros que possuem armas devidamente registradas nos órgãos competentes. Essas armas servem para a proteção dos próprios membros do acampamento e nada têm a ver com nossa militância”, disse Sara à BBC News Brasil.
O grupo que quer o fechamento do STF, do Congresso, de órgãos da imprensa e o “extermínio da Esquerda”, já é alvo de investigação pela Procuradoria-Geral da República, que apura suposta “formação de milícia”.