Desigualdade social pode aumentar em 2021, com ricos mais enriquecidos e pobres mais empobrecidos, revela estudo

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Em 2020, a renda dos mais pobres no Brasil subiu 20,9%, impulsionada pelo auxílio emergencial. O benefício, entretanto foi reduzido à metade — de R$ 600 para R$ 300 — desde setembro e será extinto em menos de uma semana. O fim deste beneficio é um dos fatores, mas não o único, responsável pela diminuição na renda do brasileiro em 2021, exceto a dos que pertencem a famílias com rendimento mensal a partir de R$ 19,4 mil por mês, economicamente classificada como ‘classe A’.

A análise que leva a esta conclusão foi realizada pela Tendências Consultoria. Segundo a projeção, estas famílias ‘classe A’ que terão alta em suas rendas , representam apenas 3,4% dos lares, já as chamadas classes B, C e D/E verão seus rendimentos caírem no próximo ano.

Sem o auxílio emergencial, a perspectiva é de queda acentuada no rendimento das famílias que ganham até R$ 2,6 mil por mês, economicamente classificadas como classes D/E,. Segundo a Tendências, a redução será de 15,4% nos rendimentos, aumentando a distância social num país que já é o nono mais desigual do mundo, segundo o IBGE.

Ainda de acordo com o estudo, quem está no topo da pirâmide de renda se beneficia mais rapidamente de uma recuperação, mesmo que gradual, daí a previsão de alta de 2,7% nos rendimentos. Além disso, essa camada da população – classe que concentra empregadores e funcionários públicos – sofreu menos com a crise, a ponto de não ter perdido renda mesmo em um ano de queda de mais de 4% do PIB.

O tamanho da crise econômica deste ano também pode ser medido pelo número de famílias que ingressaram no estrato mais baixo de rendimentos: 2,3 milhões. A projeção da consultoria indica que, em 2021, mais 930 mil famílias passarão a fazer parte das classes D/E.

Fonte: O Globo

“Nesse ano de 2021, vamos ver o reverso da medalha. As classes D/E vão sofrer com o efeito adverso do mercado de trabalho, sem a transferência de renda para sustentar. Em um cenário de retomada gradual, a saída do auxilio emergencial não é compensada pelo mercado de trabalho” disse em entrevista ao Jornal O Globo, Alessandra Ribeiro, sócia e diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências.

A melhoria ao perfil do trabalhador da chamada ‘classe A’ tem ligação direta com o privilégio do home office durante a pandemia. Essas pessoas conseguiram manter o emprego trabalhando remotamente, mantiveram a renda. E são esses os que têm salário maior.

Segundo as projeções, vai levar tempo até que as famílias das chamadas classes D/E consigam voltar a registrar alta significativa nos rendimentos. Após a queda em 2021, elas devem ter ganhos entre 0,8% e 1% ao ano até 2025, último período do estudo, em um cenário próximo da estabilidade.

Neste intervalo, não há previsão de reajuste real do salário mínimo, somente a correção da inflação, o que não aumenta o poder de compra das famílias

Na classe A, a previsão é que, após o aumento de 2,7% em 2021, a retomada da economia se traduza em ganhos anuais acima de 4% até 2025.

Vamos continuar com dificuldade para reduzir a desigualdade social. Esse é um dos pontos da nossa análise, inclusive para um horizonte de dez anos“, afirmou Alessandra ao jornal O Globo

Classe média encolhe

Já a classe média, a classe C, que encolheu em 2020, vai continuar diminuindo em 2021, com 250 mil famílias caindo para a faixa de renda mais baixa. Com cerca de 87% dos ganhos vindos do trabalho, ela vai sofrer com a crise no mercado.

Quem estava no meio da pirâmide de renda sentiu os efeitos da piora do mercado de trabalho e não contou com o benefício do governo.

A migração das famílias mais pobres para a classe média deve ser lenta, tendo em vista o fim do bônus demográfico (período em que há um maior número de pessoas em idade ativa aptas a trabalhar na comparação com a população dependente, como crianças e idosos), o crescimento econômico médio do país abaixo dos 2,5%, a ausência de valorização real do salário mínimo e o menor gasto em políticas de transferência de renda nos próximos anos”, diz o estudo.

Fonte: O Globo

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