O verão, que é uma estação caracterizada pelas altas temperaturas e pela umidade, já chegou no hemisfério sul. Durante essa época tomada pelas festas de final de ano e férias, a atenção a alguns problemas de pele que acometem especificamente pessoas negras pode passar despercebido.
Por isso, o Notícia Preta conversou com a Dra. Raíssa Santana, fisioterapeuta de pele, sobre o assunto. De acordo com a profissional, nessa época do ano, pessoas negras podem sofrer com melanoses solares, pintas escuras que surgem no rosto ou corpo, melasma, manchas de acnes e oleosidade excessiva por falta de proteção solar, e explica por quais motivos isso acontece.
“A melanose, melasma e hiperpigmentação (manchas de acne ou foliculite) acontecem por exposição prolongada ao sol e pouco consumo de água. A pele fica exposta e o corpo começa a produzir óleo em excesso para proteger a pele naturalmente, por isso falam que negros tem pele oleosa”, explica.
“Na verdade, temos pele predominante mista, mas com a falta de hidratação e proteção o corpo tenta se proteger sozinho, produzindo uma camada maior de óleo, para cobrir a pele”, completa.
A Dra. Raíssa reforça que essas doenças têm relação com a falta de consumo de água nesse período, além de questões genéticas.
“Pessoas negras em maioria têm mais incidência de resistência insulínica, que é genético. Devido a isso, desenvolvemos uma sensibilidade maior na pele do corpo, que normalmente é mais seca, devido à falta de rotina em beber água. A pele no verão costuma ficar mais sensível, aumenta os casos de cálculo renal e aparecem mais manchas na pele do corpo, que podem ser de qualquer tipo”, conta a profissional que cita outras questões que influenciam no aparecimento de certas doenças.
“Infelizmente a falta de uso do protetor solar corporal também contribui. Temos uma pequena defesa ao sol, por causa da melanina, mas não somos X-men, com proteção eterna. Nos queimamos e podemos desenvolver melanoma também (câncer)”, alerta a especialista.
A doutora ainda explica que comentários que dizem que a pele de pessoas negras é boa e não precisa de cuidados, “fingindo ser elogio” é na realidade a reprodução de um racismo histórico. Além disso, a especialista também garante que independente do tom de pele de pessoas negras – sendo retinta ou não – os cuidados para evitar os problemas são os mesmos.
Para prevenir essas doenças, a Dra. Raíssa Santana indica certas precauções e práticas a serem tomadas, como por exemplo, beber 2 litros de água por dia, independente de ser ou não verão. Mas a lista continua, com cuidados externos. “Hidratar todo o corpo após os banhos, cada milímetro da pele com creme e usar protetor solar FPS 50 no rosto e 30 no corpo”, sugere.