No Brasil, que é considerado o celeiro do planeta, tem quase 50 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar moderada ou grave. São pessoas que dependem de doações ou do que encontram nas ruas para matar a fome.
A FAO, organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura , estima que um em cada quatro brasileiros não tem certeza se vai conseguir fazer a próxima refeição do dia. Esse número quase dobrou em 2 anos, foi de 10 milhões em 2018 para 19 milhões no ano passado.
“O aumento do preço dos alimentos, mais a diminuição da renda familiar é uma equação pavorosa, terrível par a insegurança alimentar. A luta contra a fome e os avanços para uma melhor alimentação é uma tarefa de todos”, diz Rafael Zavala, mestre em agricultura sustentável pela Universidade de Londres e representante da FAO no Brasil.
Atualmente, 55,2% da população não necessariamente come três refeições ao dia, segundo o relatório mais recente da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PenSSAN), formada por pesquisadores de todo o país.
Para Zavala, existem três grandes desafios que o país precisa enfrentar pela garantia da segurança alimentar. “Mudar a forma como produzimos os alimentos, como consumimos e como descartamos, já que as perdas e desperdícios são um problema que também precisa de atenção”. Em resumo, segundo ele, “a chave está nas práticas agrícolas e pecuárias sustentáveis”.
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Embora a pandemia tenha contribuído para o agravamento da insegurança alimentar no Brasil — principalmente pelo aumento de desempregados, que já representam 14% da população –, a pesquisadora Denise Oliveira destaca que a crise sanitária antecipou um cenário estruturado há mais de uma década.
“Há estudos em diferentes áreas que mostram que esse cenário já vinha se mostrando com as crises mundiais, desde 2004, 2008. A pandemia foi uma alegoria da desigualdade, ela se instala dentro de uma situação que já vinha se deteriorando”, diz.
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