O afroempreendedorismo vem ganhando cada vez mais força com o decorrer dos anos, movimentando cerca de R$1,90 trilhão e sendo 51% dos empreendedores no Brasil, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Locomotiva. Afroempreendedores são os que mais têm pedidos de empréstimos negados, se comparados aos empreendedores brancos, mesmo sendo a maior parte dos empreendedores brasileiros. Durante a pandemia, ainda segundo o levantamento, tiveram maior dificuldade em manter seu negócio aberto.
O estudo “Afroempreendedorismo Brasil”, realizado pelo Movimento Black Money, mostrou que 61,9% dos afroempreendedores possuem ensino superior e 15,8% têm renda familiar superior a 6 salários mínimos. A pesquisa também apresentou que 50,9% dos entrevistados desconhecem estratégias digitais e 59,2% não sabem métodos para tornar seus negócios rentáveis.
Quando analisados os dados de pedidos de crédito a instituições financeiras, divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), foi identificado que 12% conseguiram crédito em banco, porém, empresários brancos tiveram 6% a mais de aprovação. Além disso, 36% das empresas que possuem pessoas negras no comando, têm dívidas em atraso e 46% têm dificuldade em manter o negócio.
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O Notícia Preta entrevistou Alan Soares, fundador do Movimento Black Money, que falou sobre a dificuldade dos afroempreendedores em manter seus negócios. Para ele, as empresas de pessoas negras iniciam pela necessidade de prover a subsistência do empreendedor, não tendo um estudo ou planejamento devido a urgência, “Os empreendedores negros precisam ser capacitados para os novos desafios da economia, como a transformação digital e novos arranjos produtivos. Como não controlamos terras produtivas, grandes mercados, bancos e instituições, o dinheiro que nosso povo recebe fica muito pouco dentro de nossa comunidade. Inibindo o fator multiplicador, não permitindo o desenvolvimento de novos negócios e a contratação de nossos jovens”, afirma.
Para Alan, a alteração dessa realidade está na movimentação econômica entre as pessoas negras, comprando de pretos e vendendo para todos, ações civis públicas e na presença política, ao eleger negros, e fazer acordos politicos. Ele continuou informando a importância de pesquisas voltadas à comunidade afro-brasileira. “Dados são cada vez mais importantes no mercado atual e se tornaram peça-chave para orientar a tomada de decisão e o planejamento estratégico de empresas de todos os segmentos. No entanto, para transformar essas informações em conhecimento e vantagens competitivas, é preciso que as organizações se tornem Data Driven. Esse é o princípio básico da existência do nosso Hub de inovação”, disse o fundador do MBM.
O Movimento Black Money foi fundado em 2017 por Nina Silva e Alan Soares e, atualmente, possui projetos de ajuda financeira a pessoas negras durante a pandemia, auxílio a jovens afroempreendedores na criação, venda e desenvolvimento de empresas e bancos de vagas para profissionais. Além disso, possuem um Marketplace, Mercado Black Money, formado somente por empreendedores negros e também realizam pesquisas voltadas para a população.
Ainda segundo Alan, é importante existir iniciativas como o MBM, pois ajudam na inserção e autonomia do povo negro “na transformação do ecossistema empreendedor negro, com foco em comunicação, educação e geração de negócios pretos, acesso a serviços e produtos como o cartão de crédito Credicard On MBM ou uma plataforma de vendas digitais como Mercado Black Money”, finaliza Alan Soares.
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