Por Marina Lopes*
13 de maio, dia da abolição da escravatura no Brasil. Esse dia sempre foi contado nas escolas a partir de uma visão eurocêntrica, como uma passagem poética e libertadora para os pretos escravizados. Mas deveríamos saber que a assinatura de uma lei, não passou de interesse político/econômico do branco que já detinha poder.
A vida do preto sempre foi objeto de luta, de resistência. O preto escravizado valia menos que um animal e isso persiste pelos anos. 134 anos após a lei Áurea, permanecemos numa escravidão de falta de direitos, de desumanização. 134 anos está muito perto, historicamente falando. É só pensar que você leitor, vindo de família preta, muito provavelmente teve a sua bisavó escravizada.
Hoje no Brasil, 75 % das vítimas de homicídio são pretas. Agathas, Evaldos, Amarildos, Marielles, são todos vítimas de uma sociedade racista, de um país governado por um presidente que se elegeu dizendo que “negros não servem nem para procriar”. Discurso este que incentiva e dá liberdade para pessoas, que pensam da mesma forma, partirem para ação.
A sociedade brasileira sempre foi racista. Racismo este, que mesmo velado nos feriu, nos estuprou, nos matou e continuou nos escravizando esse tempo todo. Que não possui um sistema judiciário que puna racistas, porque quem rege esse sistema também não se importa com nossos direitos. Racismo, enquanto pensamento ideológico reforçado mais ainda por nossos representantes desde sempre.
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É importantíssimo enxergar que as marcas da escravidão ainda estão entranhadas em todas as esferas da sociedade brasileira. Que combater o mito da democracia racial (“somos todos iguais”) é essencial para enxergar o que precisa ser mudado e assim partir para a luta. É por isso, que a liberdade preta continua sendo uma ilusão. Não há o que comemorar nesse dia 13 de maio. Essa data serve para nos lembrar que ainda há muito o que reivindicar, para que um dia nos sintamos livres de verdade.
Marina Lopes é escritora e jornalista
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