Dos 885 mortos em ações policiais, 711 eram pretos ou pardos, segundo o Instituto de Segurança Pública.
Há um ano, em 08 de fevereiro de 2019, uma operação policial terminou com 13 mortos na comunidade do Fallet, em Santa Teresa, no Centro do Rio de Janeiro. Destes, 9 eram negros ou pardos. Um ano após a chacina do Fallet, este assassinato de jovens negros não pode ser considerado um fato inédito.
Segundo dados de uma pesquisa recente do Instituto de Segurança Pública (ISP) – órgão do governo estadual, dentro da média estadual dos 885 mortos em ações policiais no primeiro semestre de 2019 80,3% eram negros ou pardos.
“Exige um nível de esclarecimento e reflexão sobre a política de segurança pública, que não pode estar baseada na morte. E o componente racial é extremamente grave”, o advogado e coordenador do Programa de Enfrentamento à Violência Institucional das Conectas Direitos Humanos, Gabriel Sampaio relatou em entrevista ao G1.
É um retrato de mortes que revela o quanto o racismo no brasil é estrutural” Gabriel Sampaio, advogado
Sendo este um fato ignorado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) fazem parte de 54% da população do Estado. Conforme dados divulgados, em 2014, pelo mesmo órgão entre a população pobre 76% é negra. Mais da metade da população que se declara preto ou pardo vivem atualmente em situação de extrema pobreza. Dentro do Estado do Rio de Janeiro, esta maioridade vive nas favelas.
“Acima de tudo, é um retrato de mortes que revela o quanto o racismo no brasil é estrutural. E o quanto ele é institucional, cuja instituição é prover a segurança dos cidadãos.” Apontou Sampaio.
Resposta do Estado
O governo do Estado do Rio de Janeiro em seu primeiro ano com uma nova liderança não divulgou ou realizou nenhuma política para que os números fossem mudados. No início de janeiro de 2019, o governador Wilson Witzel anunciou que a polícia iria abater criminosos portanto fuzis. Poucos meses depois, o secretário de Polícia Civil, delegado Marcus Vinicius Braga afirmou que os números de mortes por intervenção de agente do Estado aumentariam até dezembro.
As investigações e inquéritos sobre mortes como o caso de Fallet continuam. Contudo, poucos possuem resultado.