Um ataque aéreo a uma escola no norte da Etiópia deixou mais de 70 pessoas feridas, e 50 pessoas mortas nesta terça-feira (04). A informação é de Organizações Governamentais (ONGs) e agências humanitárias que atuam na região, que também afirmam que a escola atingida era usada como abrigo por pessoas deslocadas por conta do conflito governo e rebeldes.
Nesta quarta-feira (05) o governo etíope aceitou o convite da União Africana (UA) para participar de uma negociação de paz entre ambos os lados, neste final de semana, na África do Sul. A tentativa de conciliação será mediada pelo ex-presidente nigeriano Olesegun Obasanjo, com apoio do do ex-vice-presidente sul-africano Phumzile Mlambo-Ngcuka e do ex-presidente queniano Uhuru Kenyatta. Até então o governo regional de Tigré não confirmou presença.
Quem conseguiu sobreviver ao ataque desta terça-feira (04) na cidade de Adi Daero, no território conhecido como Tigré, revelou aos agentes humanitários sobre o ocorrido antes de fugirem para a cidade de Shire, que fica a cerca de 25 quilômetros de distância.
Até então, o governo do país não se manifestou sobre as mortes, mas o escritório de relações externas do governo regional de Tigré contou mais mortos, chegando a 65 vítimas.
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O conflito na região já dura dois anos, causando milhares de mortes e instabilidade no fornecimento de comida, alimentos e recursos básicos no território, além do abandono massivo de casas por parte de quem tenta fugir da guerra. De acordo com um levantamento da ONU em 2021, 90% da população do norte da Etiópia – por volta de 5,2 milhões de pessoas – enfrentavam a fome.
Os confrontos haviam parado há cinco meses, para viabilizar a chegada de ajuda humanitária, e diminuindo temporariamente a tensão na região. Mas no final de agosto os ataques recomeçaram em meio a negociações de paz entre o governo do país, chefiado por Abiy Ahmed, e a Frente de Libertação Popular do Tigré (TPLF), que assumiu o território.
História do conflito na Etiópia
Os confrontos começaram em novembro de 2020, com o envio de um exército, a mando do primeiro-ministro Abiy Ahmed, para combater o governo regional que não reconhece sua autoridade, e que segundo ele, havia atacado bases militares na região. Mas o conflito possui uma origem muito mais antiga, já que a TPLF já governou a Etiópia de 1991 a 2018.
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Após o confronto inicial, a guerra começou a se espalhar para localidades vizinhas, chamadas Afar e Amhara. Em novembro de 2021 o TPLF avançou em direção a Adis Abeba, capital da Etiópia e onde fica a sede do Executivo, mas não obteve sucesso. Em março deste ano, o governo chefiado por Abiy Ahmed propôs uma trégua humanitária, que durou cinco meses, terminando no final de agosto.