Um levantamento realizado pelo professor e coordenador do curso de Ciências Econômicas PUC-PR, Jackson Teixeira Bittencourt, divulgada nesta quinta-feira (23), revelou que os 13 produtos da cesta básica do brasileiro tiveram, juntos, um aumento de 26,75% nos últimos 12 meses, mais que o dobro da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que chegou a 11,73% no mesmo período.
Para Bittencourt, a inflação sobre os produtos da cesta básica provoca um processo de empobrecimento. “O poder de compra está diminuindo e as famílias ficando mais pobres – não só a classe D, mas também a C. Além disso, o desemprego vai continuar alto nesse patamar de 11,5% a 12%”, analisa, em entrevista ao Infomoney.
Ele lembra também que a inflação é um acúmulo de fatores, como a guerra na Ucrânia, aumento do preço dos combustíveis, principalmente gasolina e diesel. “O preço está alto no mundo inteiro, mas a nossa inflação é superior à que a gente vê em outros territórios. A gente está entrando no inverno. Se tivermos temperaturas negativas, como no outono, podemos voltar a ter geadas, e isso castiga as safras, como as de tomate”, alerta.
Produtos pesquisados
Arroz, feijão, farinha, batata inglesa, tomate, açúcar cristal, banana prata, contrafilé, leite longa vida, pão francês, óleo de soja, margarina e café em pó: esses são os 13 produtos da cesta básica do brasileiro que entraram na pesquisa do professor. Ele afirma que a pesquisa mede a evolução dos 13 produtos. “Quando a gente fez um recorte para a cesta básica, percebemos que a inflação é muito maior nesses itens”, diz.
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Segundo o economista, o café em pó e o tomate foram os que mais tiveram reajuste nos últimos 12 meses, chegando a 67,01% e 55,62%, respectivamente. Ele explica ainda que o IPCA é dividido em grupos e não mede os preços individuais. “O IPCA é dividido em nove grupos. O próprio IBGE pega todos os itens que pesquisa – mais de 300 – e separa em grandes lotes. Por exemplo, alimentação e bebidas, transportes, despesas pessoais”, afirma.
A pesquisa levou em conta as despesas de consumo das famílias urbanas, com renda entre 1 e 40 salários mínimos e analisou variações mensais e o valor acumulado nos últimos 12 meses de cada produto pesquisado.
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