A cheia dos rios no Amazonas avançou e já atinge 425.844 pessoas, cerca de 106.464 famílias, segundo boletim divulgado na manhã deste domingo, 15, pela Defesa Civil do Estado. Do total de 62 municípios, 36 estão em situação de emergência, enquanto outros registram níveis de alerta devido ao avanço das águas.
Tradicionalmente, o período de cheia no Amazonas começa na segunda quinzena de outubro. Em 2024, porém, a região enfrentou níveis recordes de seca, o que alterou o ciclo hidrológico local. Embora a cheia deste ano tenha padrão sazonal, o ritmo foi acelerado pela excepcional estiagem anterior.

Na capital, o Rio Negro atingiu 28,86 metros, de acordo com a medição mais recente do Porto de Manaus na manhã de domingo, permanecendo estável desde sábado, 14, e ficando a apenas 14 centímetros da cota de inundação severa, fixada em 29 metros.
O 3º Alerta de Cheias da Bacia do Amazonas de 2025, publicado pelo Serviço Geológico do Brasil, indica que o ápice da cheia deve ocorrer ainda nesta semana. O relatório apontou ainda risco moderado a grave de inundações, especialmente nos trechos do Rio Negro, Solimões e Amazonas, com probabilidade de ultrapassar níveis de inundação severa entre 30% e 42% em cidades como Manaus, Itacoatiara e Manacapuru.
A Defesa Civil, por meio da Operação Cheia 2025, intensificou a prestação de apoio. Segundo o governo do Amazonas, foram distribuídas 290 toneladas de cestas básicas, 800 caixas d’água de 500 litros, além de kits de purificação e uma estação móvel de tratamento de água para cidades como Humaitá, Manicoré e Boca do Acre. Na área da saúde, 72 kits de medicamentos e a instalação de um barco-hospital foram destinados a comunidades isoladas, incluindo Anamã.
Entre os municípios em emergência estão, entre outros, Guajará, Eirunepé, Carauari, Borba, Humaitá, Coari, Itacoatiara e Santa Isabel do Rio Negro, abrangendo as calhas dos rios Juruá, Solimões, Madeira e Negro.
O fenômeno destacado neste boletim reforça os impactos da emergência climática na região amazônica. O ciclo de estiagem histórica seguido de cheia acelerada evidencia as oscilações climáticas acentuadas que desafiam a infraestrutura e a segurança de populações ribeirinhas.