ONU revela que mais de um bilhão de pessoas vivem em favelas e moradias precárias

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Comunidade de Paraisópolis.

A Organização das Nações Unidas (ONU) revela que a cada oito habitantes no planeta, um mora hoje em favelas ou casas inadequadas. Nas próximas décadas a humanidade crescerá principalmente nas cidades, o que torna esse apontamento mais preocupante visto que o espaço urbano possui mais áreas inadequadas para moradia. A ONU informa que o planeta está para atingir oito bilhões de habitantes.

A tendência nos últimos 10 anos era de melhoria. Em 2000, 31,2% dos moradores do planeta que viviam em cidades estavam sob essas condições. Depois de 20 anos, o percentual caiu para 24,2% ,na América Latina, a queda foi maior, de 31,9% para 17,7% nesse período, mas o índice ainda se mantém distante do observado na Europa e na América do Norte (que, pela ONU, exclui o México), onde só 0,7% da população urbana vive de forma inadequada.

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Comunidade de Paraisópolis. Foto – Agência Brasil/Rovena Rosa

Em 2000, o mundo tinha 371 municípios com mais de 1 milhão de moradores; em 2018, eram 548 e até 2030 devem ser 706. Mostrando um crescimento acelerado no espaço urbano.

Cidades com mais 10 bilhões de habitantes, também se multiplicaram. Eram 33 em 2018, que devem se tornar 43 em 2030. A região metropolitana de São Paulo é a quarta maior metrópole global, com população atual estimada em 21,8 milhões de pessoas, segundo o site World Population Review. No top três mundial está  Tóquio (37,4 milhões), Nova Déli (29,3 milhões) e Xangai (26,3 milhões).

Acompanhando o crescimento populacional, a maior parte do crescimento das cidades se dará no chamado Sul Global, que reúne América Latina, África, Oriente Médio e Sudeste Asiático.

A lista de municípios a atingir o patamar de megacidade nos próximos anos inclui Luanda (Angola), Dar es Salaam (Tanzânia), Teerã (Irã) e Ho Chi Minh (antiga Saigon, no Vietnã). China e Índia. E, do 1 bilhão de pessoas que vivem em favelas hoje, 85% estão na Ásia (ao menos 665 milhões) e na África (230 milhões).

“O preço das casas é fortemente direcionado pelo valor dos terrenos —que representa entre um quarto e um terço do valor final, mas pode alcançar 90% em lugares onde o mercado está muito aquecido”, diz Christophe Lalande, especialista em habitação da ONU Habitat, programa das Nações Unidas para os assentamentos humanos, para a Folha de São Paulo.

Na mesma entrevista, ele defende que governos tomem ações para evitar que o preço dos terrenos suba demais e criem regulações para o uso da terra, como vetar que os espaços fiquem ociosos esperando valorização. “Na ausência de regulação pública, o mercado imobiliário fica distante de entregar casas a preços acessíveis nas cidades, mesmo em países de alta renda.”

Fernando Túlio, presidente do departamento paulista do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), também diz à Folha que seria preciso investir algo em torno de US$ 3,5 trilhões para resolver a questão da falta de habitação de qualidade para 1 bilhão de pessoas no mundo. Ele considerou um custo médio de US$ 10 mil por moradia para prover os serviços urbanos necessários, com cada casa abrigando três pessoas.

Especificamente no Brasil, cerca de 17,1 milhões de pessoas vivem nas favelas brasileira, o que representa 8% da população nacional. De acordo com Instituto Locomotiva, em parceria com o Data Favela e a Centra Única das Favelas (Cufa),  89% desta população está situada em Regiões Metropolitanas. Segundo a pesquisa, nelas, a população negra representa 67%, um patamar bem acima da média nacional, de 55%.

Leia também: “A falta de dados nas favelas reflete na ausência de políticas públicas”, diz morador do Complexo do Alemão sobre energia elétrica

 A organização define como moradia inadequada aquela feita de materiais pouco resistentes; não conta com acesso adequado a água potável e esgoto; e abriga mais de três pessoas por cômodo.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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