“Política indígena, não mais política indigenista”, diz Sonia Guajajara em cerimonia de posse

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Sonia Guajajara em sua cerimônia de posse Foto: Reprodução

Mulher, nordestina e indígena. Sônia Guajajara tomou posse como Ministra dos Povos Indígenas. A cerimônia aconteceu nesta quarta-feira (11)  em Brasília, no Palácio do Planalto, em conjunto com a posse de Anielle Franco, Ministra da igualdade Racial.

Em uma cerimônia histórica Sonia começou seu discurso lembrando de suas origens e exaltando o seu povo e todos os povos indígenas: “Eu não estou aqui sozinha, estou aqui com a força da nossa ancestralidade. Trabalhei como babá e empregada doméstica e hoje estou aqui nomeada para o cargo de ministra dos povos indígenas. Se estou aqui hoje é graças a força do meu povo, dos povos indígenas do Brasil e a minha persistência“, disse a ministra

Por questões de segurança e limitação do espaço, o evento foi apenas para convidados, mas transmitido de forma online nos canais oficiais das ministras.

As solenidades, foram adiadas para hoje devido aos atos golpista em Brasília e, ao menos quatro governadores confirmaram presença, entre eles Helder Barbalho, do Pará. Janja, ministros do governo e autoridades ligadas a embaixadas também compareceram à cerimônia. DIversos povos indigenas também estiveram presente na cerimônia. O povo Terena executou a dança da Ema ao final da fala de Soônia Guajajara.

Sonia Guajajara em sua cerimônia de posse Foto: Reprodução

Sonia ressaltou em sua fala a disseminação dos povos indígenas no Brasil e destacou importantes lideranças indígenas:

Não posso deixar de lembrar os parentes que foram retirados de nosso convívio pela fala do fascismo que imperou no Brasil nos últimos anos derramando sem pudor, muito sangue indígena. Lembremos da força daqueles que tombaram na luta como Paulino Guajajara Ivanilde, Janildo, Jael e Antônio Guajajara ali Uruê Auau, Daiane Gaingang, Estela Vera Guarani Carilar, Wellingto Ariane Oliveira e a menina Raissa. E tantos outros parentes vitimados pelo garimpo ilegal, pelas invasões dos seus territórios. E por tantas outras ações e omissões do Estado. Além disso, preciso destacar a força de Bruno Pereira e memórias que todos nós aliados e aliados defensores servidoras do meio ambiente e dos direitos humanos esse brutal assassinato não pode permanecer impune

A ministra ressaltou ainda a importância dos territórios indígenas para preservação do meio ambiente. “As terras indígenas são importantes aliadas na luta contra o aquecimento global. Fundamentais para a preservação da nossa biodiversidade; (…) o conhecimento dos povos e comunidades tradicionais são também conhecimento científico e hoje são uma das últimas alternativas pra conter a crise climática.” afirma.

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Sobre Sônia Guajajara

Sônia é do Povo Guajajara/Tentehar, que habita as matas da Terra Indígena Araribóia, localizado no estado do Maranhão, Brasil. É filha de pais analfabetos e hoje mãe de três filhos. Possui graduação em Letras e Enfermagem, fez pós-graduação em Educação Especial. É uma liderança na luta pelos direitos dos povos originários e pelo meio ambiente. Foi considerada em 2022, pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Suas principais pautas levantadas são a defesa da Amazônia e da Mata Atlântica, a defesa dos direitos das minorias, o respeito à diversidade e à pluralidade e a reconstrução da democracia no Brasil

Ela possui voz ativa em órgãos internacionais como o Conselho de Direitos Humanos da ONU, Conferências Mundiais do Clima (COP), e Parlamento Europeu. Entre os prêmios e honrarias que recebeu estão: Prêmio Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, em 2015; Medalha 18 de Janeiro pelo Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Padre Josimo e Medalha Honra ao Mérito do Governo do Estado do Maranhão, pela grande articulação com os órgãos governamentais no período das queimadas florestais na Terra Indígena Araribóia; Prêmio João Canuto pelos Direitos Humanos da Amazônia e da Liberdade da Organização Movimento Humanos Direitos, em 2018 e o prêmio Packard concedido pela Comissão Mundial de áreas protegidas da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), em 2019.

Marina Lopes

Marina Lopes

Marina Lopes é jornalista e escritora juiz-forana, apaixonada pela palavra e por contar histórias através dela.

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