Em feito histórico, Theatro Municipal do Rio de Janeiro recebe a Semana de Arte Favelada

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As favelas são universos a parte de toda sociedade e carregam, dentro de si, uma multiplicidade de artes, culturas, movimentos e sentimentos. Pensando nessa multiplicidade de atores e produtos periféricos, foi criada a Semana de Arte Favelada (SAF), que será realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro e no Complexo de Favelas da Maré, entre os dias 2 e 29 de novembro, com programação totalmente gratuita. 

Equipe de produção no Theatro Municipal – Foto: Urso Preto da Favela

A SAF é uma releitura da Semana de Arte Moderna, que aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, e 100 anos depois o Theatro Municipal do Rio recebe a Semana de Arte Favelada, que objetiva dar protagonismo aos produtores culturais favelados e periféricos, das mais diversas vertentes artísticas, visando dar mais oportunidades e visibilidade a quem produz cultura dentro das quebradas, valorizando artistas e coletivos. 

A primeira edição será no Theatro Municipal e no Complexo de Favelas da Maré, sob os apoios dos editais ‘Retomada Cultural RJ 2’ e ‘Municipal em Cena’, ambos da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro (Secec RJ), com programação diversificada e estruturada em três eixos principais: Artes visuais: Exposição de fotos, pinturas, esculturas e demais expressões da arte visual com programação educativa; Artes Cênicas: Festival Multilinguagem composto de 10 atrações culturais de dança, música e teatro; e Arte Literária: Seleção de 25 textos de autores favelados para lançamento de um e-book e participarem do sarau literário.

Na celebração do Dia da Favela, comemorado dia 4 de novembro, será exibido o filme Marte Um, produção indicada pelo Brasil para concorrer ao Oscar 2023, na Sessão de Cria. Além de Marte Um, também serão exibidos os filmes “Expresso Parador” e “Noite das Estrelas”, no Museu da Maré, a partir das 18h.

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Para o articulador social e produtor da SAF, Wellington de Oliveira, o evento é mais uma mostra da potência que as favelas representam no Brasil e revela o objetivo principal da SAF. “É com o desejo de projetar toda a cultura potente presente nas favelas que nasce a Semana de Arte Favelada, que visa romper com a lógica mercadológica, evidenciando assim que arte favelada já acontece, mas de acordo com nossas próprias formas e estruturas”, enfatiza. 

O processo

A seleção artística das obras foi realizada por editais e conta com uma seleção de curadoria para cada eixo temático e uma das exigências é que 50% das vagas sejam preenchidas por artistas dos territórios onde a edição é realizada. Wellington lembra que todo processo criativo periférico vem cercado de dificuldades e impossibilidades, mas cada oportunidade precisa ser abraçada e aproveitada. 

“É na guerrilha que temos construído a SAF, com poucos investimentos, mas sabendo que é o momento de plantar a semente, na esperança de poder contemplar o seu crescimento, certos de que a colheita será abundante e de ótimos frutos. Meu maior legado é poder ver o protagonismo da favela, ainda mais no campo da arte, contribuindo para desmistificar o olhar hegemônico para nossos territórios de origem”, explica Wellington de Oliveira, produtor.

“Com a Semana de Arte Favelada queremos reivindicar o direito de nós, artistas favelados e periféricos, historicamente marginalizados e invisibilizados, acessarmos e produzirmos ARTE. Quebrar a elitização das manifestações artísticas é uma estratégia de (re)existência que nos possibilita a construção de novas/nossas próprias narrativas”, finaliza. 

Para saber mais sobre a Semana de Arte Favelada, acesse o perfil do Instagram.

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