Documentário Razões Africanas faz paralelo entre escravidão e musicalidade africana

razoes-stills_1.756.1-scaled.jpeg

Parceria entre a produção e a Fundação Palmares viabiliza a exibição gratuira do Razões Africanas em quilombos

Dos porões dos navios, na travessia transatlântica dos negros escravizados, o soturno som do sofrimento dos cânticos se traduziu em uma vibrante polirritmia, que ecoou pelo mundo, como um legado cultural do continente africano. Esse é o pano de fundo do documentário Razões Africanas, do diretor Jefferson Mello, que percorreu seis países para desbravar as histórias por trás do blues, do jongo e da rumba. 

A obra audiovisual nasce a partir da diáspora africana para abordar a herança africana que produziu esses 3 ritmos musicais, consolidados mundialmente, e será exibido, gratuitamente em espaços quilombolas, a partir de uma parceria entre a produção do audiovisual e a Fundação Palmares, levando informação e entretenimento para os quilombos. 

Foto: Divulgação

Além disso, o documentário entrou em cartaz em São Paulo e Belo Horizonte no último dia 15 e haverá pré-estreias em Belém (26/05); Rio de Janeiro (29/05);  Salvador (05/06); Brasília (10/06); Maceió (13/06); Maranhão (17/07); entre outros Estados. A distribuição será realizada em 15 entes federados no Brasil e as exibições sociais serão realizadas em conjunto com a Fundação Palmares, principalmente nos Estados onde a Fundação possui representação.

Segundo o diretor, a parceria feita com a Fundação Palmares é, justamente, para dar acesso aos quilombolas a essas exibições gratuitas e sociais, para eles entenderem a questão da ancestralidade, da luta de cada um e dos ritmos que são apontados dentro do documentário.

“Estive com o João Jorge [presidente da Fundação Palmares] na semana passada e ele está entusiasmado com a exibição do documentário nesses espaços de resistência e acredito que essa parceria será duradoura e vai contribuir para a disseminação das informações sobre o jongo, o blues e a rumba”, analisa Melo.

Melo explica ainda que o filme segue a jornada de três personagens em seis países, revelando as origens africanas comuns a esses estilos musicais. Jefferson Mello, destaca a importância da reparação histórica e do diálogo intercultural, valorizando tradições e culturas. “A narrativa começa em Angola e percorre o caminho dos congoleses, abrangendo Brasil, EUA, Cuba, Congo e Mali, oferecendo um retrato profundo e íntimo desses gêneros musicais e sua identidade cultural”, pontua. 

Leia também: “Carolina Maria de Jesus” é o enredo da Unidos da Tijuca para o carnaval de 2026

Razões Africanas é um filme universal. Um legado que valoriza as tradições, promove o diálogo entre as culturas e as distintas visões de mundo que aborda e que são os maiores representantes do espaço francófono mundial. A obra é um retrato delicado, intimista e musicalmente profundo em imagens e entrevistas com músicos e especialistas no assunto que traçam o resgate da identidade destes gêneros musicais na valorização de suas culturas.

Produzido pela Tremè Produções, o documentário valoriza a “Mãe África” e a ancestralidade nos três ritmos musicais, criando uma expectativa grande em torno das histórias e dos personagens da obra audiovisual. “A expectativa é que as pessoas fiquem emocionadas porque, atualmente, o jovem está muito mais impactado pelos novos ritmos do que pelos que já são consolidados e pouco sabem dessa ancestralidade. E um dos nossos objetivos é apresentar aos jovens africanos, o quanto a África é importante no cenário musical mundial”, finaliza Jefferson Melo. 

Sinopse 

“Razões Africanas” é um documentário de estrada sobre ancestralidade, música e resistência. Ao longo de quatro anos, o diretor Jefferson Mello percorreu seis países — Brasil, Cuba, Estados Unidos, Angola, Mali e República Democrática do Congo — em busca das raízes africanas de três ritmos que marcaram a história da humanidade: o jongo, a rumba e o blues.

Viajando sozinho, ele optou por trabalhar com profissionais locais em cada país, reunindo olhares e vivências que enriquecem o filme com autenticidade e potência. A obra fala sobre o sequestro dos africanos, mas também sobre a força de um povo que resistiu — e que se expressa por meio da música até hoje. Com forte repercussão internacional, Razões Africanas já foi exibido e premiado em diversos festivais ao redor do mundo. Agora chegou a vez do Brasil!

Foto: Divulgação

Sobre o diretor

Jefferson Mello, brasileiro e cidadão do mundo, é fotógrafo de moda e publicidade, diretor de fotografia e de filmes publicitários, empreendedor e documentarista, com uma trajetória especializada na diáspora. Dedicou duas décadas capturando a essência do samba e do jazz no Brasil, em Nova Orleans e no mundo. Com uma jornada que abrange 12 países, explorou as raízes do jazz, percorreu o sul dos Estados Unidos e criou um livro de fotografias sobre o universo do jazz, intitulado “Os Caminhos do Jazz”. 

Além de suas contribuições visuais, dirigiu o documentário “Samba & Jazz”, refletindo seu compromisso com a representação da música afro e da ancestralidade africana nos ritmos musicais. Dirigiu e produziu o documentário “Brasil & Angola”. Atualmente, está filmando um novo filme sobre o racismo no futebol, com uma abordagem global sobre o tema, que contará também a história dos Camisas Negras. Seus projetos cinematográficos transcendem fronteiras, impactando países e continentes. 

Ficha Técnica – Razões Africanas

Direção, Roteiro e Fotografia – Jefferson Mello

Edição – Juliana Nicolini

Assistente de Edição – Antônia Quintiliano

Produção – Jefferson Mello

Assistente de Produção – Yasmin Gonçalves

Produção Executiva – Tremè Produções 

Mixagem – Luciano Stelzer

Cor – Bernardo Brik

Videografismo – Paulo Cesar Galvão

Montagem – Juliana Nicolini e Jefferson Mello

Tradução – Kerollyne Cubeiro Evans, Sadjo Sisse, Mauricio Tchinho Kaabunke, Yasmin Gonçalves, Antônia Quintiliano, Feldy Jodelph Espoir, Valentina Luz Mello, Mardochée Falanka, Iris Arazunu Vasconcel.

Equipe Brasil: Paula Monte (Câmera), Ricardinho Benjamin (Câmera), Jefferson Mello (câmera), Anne Carolina Melo dos Santos (Som), David Seminário Valcarcel (Som), Vinicius Brum (câmera), Hanna Beatriz (Drone), Pam Nogueira (Assistente de Câmera), PC Azevedo (Som).

Deixe uma resposta

scroll to top