3ª Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte (MG), terá programação gratuita presencial e online

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A Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte, em sua 3ª edição que começa a partir deste sábado (09) a apresenta obras que contam a história dos cinemas africanos, além de filmes brasileiros contemporâneos realizados em 2022 e 2023. O evento vai até o dia 17 de setembro, com filmes nacionais e internacionais, apresentados de forma gratuita.

Na seleção internacional, um dos principais objetivos é apresentar como diversos realizadores no continente africano construíram formas de utilizar o cinema para criar diálogos com a população. Já os contemporâneos nacionais, apresentam filmes que apontam para espaços onde as experiências comunitárias negras acontecem.

São destaques da programação a exibição do longa Diálogos com Ruth de Souza, da diretora Juliana Vicente, e também a sessão homenagem à Ponta de Anzol Filmes, produtora mineira que completa cinco anos marcados pelo destaque dos filmes produzidos. Na sessão de homenagem à produtora, terá a estreia de Ramal, de Higor Gomes, premiado como Melhor Curta-Metragem no festival Olhar de Cinema em Curitiba.

‘Diálogos com Ruth de Souza’, de Juliana de Souza, será apresentado no evento /Foto: Divulgação

A programação presencial estará em cartaz nos cinemas Cine Humberto Mauro Palácio das Artes e Cine Santa Tereza. Já parte dos filmes brasileiros estará disponível online na plataforma Cine Humberto Mauro Mais. Além disso, para estreitar o entendimento sobre os filmes e seus contextos sociais e históricos haverá debates, oficinas e imersões formativas. Toda programação é gratuita.

Para mais informações, acesse: instagram.com/semana.cinemanegrobh/ e www.linktr.ee/SCNBH.

Com a chegada da terceira edição, a Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte se consolida no calendário cultural de Minas Gerais, como também do Brasil, na difusão das cinematografias realizadas por pessoas negras. O evento, desde seu início, em 2021, se posiciona através da apresentação de históricos e contemporâneos do cinema africano, como também dá destaque para o cinema brasileiro contemporâneo e também na preservação da memória de pessoas importantes para o cinema brasileiro. Nesta edição, a preservação da memória está presente nos filmes exibidos e nas artes plásticas pelas obras do artista maranhense autodidata Pedro Neves.

O trabalho do artista, que explora universos diversos e dá vida a personagens densos e contextos vibrantes, compõe a identidade visual do festival pelo projeto gráfico de Marco Chagas. Pedro, em suas obras e pesquisas, investiga a identidade brasileira e suas relações com o mundo exterior. 

Layla Braz, idealizadora do evento, explica que o festival desde sua concepção é construído como espaço inventivo que captura o registro de pessoas negras desde a identidade visual. “Em 2021, arquivos pessoais foram trabalhados através de desenho. Em 2022, recebemos fotografias de acervos pessoais do público para compor a identidade do evento.

Agora, o Pedro traz uma nova forma de retratar a existência das pessoas negras”. Para ela, o evento com suas inúmeras possibilidades de existência dos corpos, é um espaço de construção de memória que ultrapassa as salas de cinema. “Eu sempre cito a frase de Girish Shambu ‘o mundo é maior e vastamente mais importante do que o cinema’. A gente se utiliza do cinema para alcançar as pessoas e ajudá-las a visualizar diversas formas de existir”.

DESTAQUES – A mostra de filmes brasileiros Cine-Escrituras Pretas é um dos grandes destaques da edição. Composta por 27 filmes – muitos deles inéditos em Belo Horizonte – sob curadoria de Cecília Godoi e Rayanne Layssa. A mostra recebeu, através de chamamento público, inscrições de filmes de todas as regiões do Brasil produzidos entre 2022 e 2023. Nesta edição, a mostra Cine-Escrituras Pretas se finca em eixos muito importantes para a construção do cinema preto; A paisagem, o tempo, as dores, a terra e a lutas se misturam com a ressignificação dos sincretismos e o experimentalismo. “Existe nessa curadoria uma vontade de explorar as diversas e as novas maneiras de criação do imaginário e também de fortalecer as velhas batalhas. O cinema negro brasileiro vem dando novos rumos ao que chamamos de criação de imaginario e é sobre essas novas rotas que queremos falar”, afirma Cecília Godoi.

Um dos filmes presentes na mostra e inédito na capital é o longa-metragem Diálogos com Ruth de Souza, de Juliana Vicente. Para Rayanne Layssa, a narrativa mostra o caminhar de um esforço social constante. Ela explica que o encontro de duas gerações de mulheres negras na frente e por trás das câmeras representa as possibilidades para as próximas gerações. “Ruth com seu talento e genialidade quebrou barreiras e construiu uma estrada por onde Juliana Vicente e tantas outras passaram e continuam passando”, reflete.

Em homenagem à Ponta de Anzol Filmes, produtora mineira, que comemora cinco anos de trajetória, é composta por Bruno Greco, Higor Gomes, Jacson Dias e Maick Hannder. Serão exibidos os cinco filmes produzidos até então, entre eles, a estreia de Ramal, de Higor Gomes. Ramal foi premiado como melhor Curta-Metragem no festival Olhar de Cinema em Curitiba. A Ponta de Anzol Filmes é destaque nacional com seus curtas-metragens com passagem por mais de 100 festivais nacionais e internacionais acumulando prêmios como BFI Flare: London LGBT Film Festival, Festival de Gramado, Festival de Brasília e Janela Internacional de Cinema do Recife.

A programação completa do evento estará disponível em breve nas páginas instagram.com/semana.cinemanegrobh/ e www.linktr.ee/SCNBH

SOBRE A SEMANA DE CINEMA NEGRO DE BELO HORIZONTE

A Semana de Cinema Negro é um espaço de formação tanto profissional para as pessoas que constroem o festival, quanto para o nosso público que acessa aos filmes que raramente são exibidos no Brasil. O festival apresenta e discute as semelhanças que pessoas negras do mundo todo compartilham. Ainda há muito a ser descoberto do cinema africano, diaspórico e brasileiro, portanto, a Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte, se propõe a contribuir nessa descoberta. O festival promove um encontro de Minas Gerais, um dos maiores polos do cinema realizado por pessoas negras, com filmes do continente africano, da diáspora e de pessoas negras brasileiras. Na primeira edição, a Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte evidenciou festivais que existem e resistem como por exemplo a mostra principal Cinemas Africanos em revista: as origens do FESPACO que homenageou os 50 anos do Festival Panafricano de Cinema e Televisão de Ouagadougou que acontece em Burkina Faso.

Depois de sua primeira edição online, em 2021, a 2ª semana de Cinema Negro de Belo Horizonte, pela primeira vez, aconteceu em formato presencial. Com mais de 50 filmes nacionais e internacionais, a edição realizada em setembro de 2022 celebrou a retomada dos encontros. Foram destaque da edição filmes do Sudão, Mauritânia, Etiópia e Somália, além de filmes de diversas regiões do Brasil. A mostra de filmes sudaneses apontou para a semelhança da dificuldade em produzir filmes no Brasil. A edição foi uma oportunidade do encontro do cinema africano com o cinema brasileiro, sobretudo, um encontro com Minas Gerais.

A 3ª Semana de Cinema Negro é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte e tem o patrocínio da Una. 

APOIO:

Fundação Clóvis Salgado/ Palácio das Artes 

Cine Humberto Mauro

Cine Santa Tereza

Embaixada da França no Brasil

University At Buffalo – Inclusive Excellence | Office of the Provost

Serviço:

3ª Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte

Evento presencial e on-line (gratuito) 

Data: 9 a 17 de setembro

Local/ presencial: Cine Humberto Mauro/Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1537 – Centro, Belo Horizonte); Cine Santa Tereza (R. Estrela do Sul, 89 – Santa Tereza, Belo Horizonte);

Programação on-line: https://www.cinehumbertomauromais.com/

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